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Ficha completa do filme

Romance

O Grande Gatsby (1974)

Resenha por Edilson Saçashima

Edilson Saçashima

Da redação 29/10/2010
Nota 4
O Grande Gatsby

Visto hoje, ''O Grande Gatsby'' surge como um retrato do espírito pessimista do seu tempo. O filme de Jack Clayton baseado no romance de F. Scott Fitzgerald e com roteiro de Francis Ford Coppola retrata um EUA fervilhante da década de 20, com festas luxuosas regadas a champanhe e jazz. Mas por trás dessa alegria, paira no ar uma certa melancolia e incerteza. No filme, essa impressão serve como um prenúncio da grande crise de 1929, deflagrada com a quebra da Bolsa de Nova York.

Fora das telas, o mundo do começo da década de 70 vivia o início de uma depressão econômica após um período de avanços. São épocas diferentes que conseguem estabelecer um diálogo entre si. O encontro desses dois períodos fazem com que ''O Grande Gatsby'' mereça ser revisto com novos olhos.

O filme, vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora e Melhor Figurino, reconstrói o ambiente da década de 20 na suntuosa casa de Jay Gatsby (Robert Redford), um homem misterioso e rico que promove festas grandiosas em Long Island. Aos poucos, nos damos conta que Gatsby procura reconquistar o amor de Daisy Buchanan (Mia Farrow), que trocou Gatsby no passado por um homem endinheirado. Paralelamente, cria-se um suspense sobre a real origem da fortuna de Gatsby, com indícios de que ela é proveniente da manipulação de jogos.

O dinheiro é o elemento apresentado como o grande motor para a construção de relações humanas, ao mesmo tempo que é ele a causa da infelicidade e incertezas que marcam os protagonistas. É um mundo cínico maquiado pela pompa adquirida pelo dinheiro que ''O Grande Gatsby'' retrata e critica sutilmente.

O filme de 1974, no entanto, não olha apenas para a década de 20. O período pré-crise de 29 também serve como um espelho daquilo que acontecia em meados da década de 70.

Com a crise do petróleo em 1973, o mundo voltava a viver o fantasma de uma depressão econômica e colocava fim a um período de progressos que o historiador Eric Hobsbawm chamou de ''Era de Ouro'' pós-Segunda Guerra Mundial. Parecia que o mundo fora incapaz de se recuperar totalmente da grande crise e mergulhava novamente em uma grande depressão econômica. É o espírito desse período de transição e incertezas que ''O Grande Gatsby'' consegue captar.

Assim como na mansão de Gatsby, onde as festas suntuosas dão lugar a um ambiente sombrio e trágico, o mundo respirava um clima de ''fim da festa'' capitalista.

Resenha por Edu Fernandes

Edu Fernandes

Da redação 29/10/2010
Nota 3
O Grande Gatsby

Retratar a chamada classe ociosa, pessoas de alto poder aquisitivo que não precisam de trabalho, é recorrente em filmes e em telenovelas. Atualmente, entretanto, o cinema brasileiro não tem se aventurado em mostrar futilidades desta parcela da sociedade, muito bem caracterizada anteriormente, por exemplo, em ''Os Cafajestes'' (1962).

Doze anos depois do longa de Ruy Guerra é lançada a adaptação cinematográfica de ''O Grande Gatsby'', que usa um romance para mostrar pessoas ocas. O livro F. Scott Fitzgerald foi primeiramente transformado em roteiro por Truman Capote, mas os produtores não aprovaram as ousadias da dramaturgia - que incluía personagens gays. Francis Ford Coppola foi recrutado para acertar as arestas no texto e o filme foi dirigido por Jack Clayton.

Nick Carraway (Sam Waterston) ganha a vida com o mercado de ações, que passa por uma boa fase no começo da década de 20. Ele se diz pobre, mas mora em uma casa confortável e só se vê o rapaz suar por causa do calor de Long Island, nunca por causa do esforço do trabalho.

Nick apenas narra e observa a história principal, o amor proibido entre o misterioso Jay Gatsby (Robert Redford) e Daisy Buchanan (Mia Farrow). Ela é prima de Nick e é casada com um homem racista e adúltero.

O encontro entre o casal é propiciado pelo narrador, já que a casa de Nick fica muito próxima da mansão de Gatsby. Uma noite, quando é convidado para uma festa na casa do ricaço, Nick entra em contato com ele, que confessa que ama Daisy há muito tempo.

Os personagens de ''O Grande Gatsby'' carecem de carisma. A única figura com importância que não pertence à classe ociosa é Myrtle, amante do marido de Daisy. Com poucas cenas e também com condutas questionáveis, ela reforça a crítica ao alto escalão social. Myrtle sonha em ser tão fútil quanto as mulheres ricas com as quais convive graças ao seu adultério.

A direção de Jack Clayton quer reforçar o quão raso são os personagens, mas força a mão no zoom e cria um tom cafona para todo o filme. A edição é irregular, principalmente nas fusões entre cenas. Algumas funcionam, enquanto outras acompanham a atmosfera cafona - isso quando uma cena é cortada abruptamente para outra.
No final, ''O Grande Gatsby'' quer tanto mostrar os problemas da elite que se torna tão irritante quanto grande parte da nata da sociedade.

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