UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Comédia Dramática,Drama

Dois Irmãos (2010)

Resenha por Edilson Saçashima

Edilson Saçashima

Da redação 11/03/2011
Nota 4

O cineasta argentino Daniel Burman é bem conhecido pelo público brasileiro. Todos os seus filmes passaram pelas telas brasileiras com considerável sucesso de público e de crítica. "Dois Irmãos", seu quarto trabalho, dá prosseguimento ao questionamento sobre as relações familiares, tema recorrente na curta mas sólida carreira de Burman.

Nesse filme, o diretor lança seu olhar sobre um casal de irmãos em idade madura às voltas com a morte da mãe. Ela é Susana (Graciela Borges), uma mulher que vive de especulação imobiliária e trambiques. Ele é Marcos (Antonio Gasalla), que cuidava da mãe e que passa a participar de um grupo de teatro que irá encenar a tragédia "Édipo Rei".

A história não é muito mais que isso e também não é o principal foco do filme. O interesse de Burman, que escreveu o roteiro com o escritor Diego Dubcovsky, é mostrar nuances da relação entre os irmãos e como ela se transforma sutilmente com o tempo.

Burman lança um olhar de observador compreensivo, disposto a registrar a relação de repulsa e interdependência entre os irmãos com um certo distanciamento. Para isso, o cineasta deixa de lado algumas possibilidades de leituras simbólicas, que estavam presentes em seus filmes anteriores, como, por exemplo, "Ninho Vazio".

Em "Dois Irmãos", o diretor ironiza a tentativa de buscar interpretações "profundas" em seu trabalho. Por isso, a peça que vemos no filme é um "Édipo Rei" sem Jocasta. A tragédia grega tão cheia de sentido e de um peso simbólico tão grande é esvaziada ao perder a principal personagem que daria fundamento a toda uma leitura psicanalítica e simbólica.

Ao evitar interpretações, Burman permite ao espectador ver tão somente a relação entre Susana e Marcos em sua essência puramente humana. Por isso, neste filme de movimentos sutis, um dos momentos de maior emoção se dá quando Susana finalmente habilita o roaming do celular de Marcos. É a única cena simbólica que Burman se permite neste filme, pois dará ao espectador a exata noção da fragilidade do contato humano entre os dois irmãos.

"Dois Irmãos" foi o maior sucesso comercial de Burman na Argentina. Para alcançar tal feito, o cineasta não contou apenas com um bom roteiro e o seu talento na direção. Graciela Borges (de "O Pântano") e Antonio Gasalla conseguem dar equilíbrio aos personagens que transitam entre a melancolia e a ternura com humor. A combinação desses elementos proporciona um tom humanista essencial para o sucesso do filme.

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo