A atriz Joan Fontaine foi premiada com o Oscar por sua atuação em "Suspeita", mas foi uma espécie de "prêmio de consolação" por ela não ter levado a estatueta pelo papel em "Rebecca" (1939), também do mesmo Alfred Hitchcock, que a tinha transformado em estrela.
Esta produção da RKO, feita logo a seguir (1941), ou seja no começo da presença do diretor nos EUA, é hitchcockiana típica porque está cheia de subentendidos e meias-verdades. O filme também foi indicado para o Oscar de melhor filme e de trilha sonora (mas, estranhamente, não para o de diretor).
Joan realmente funciona em papéis de vítima, como a mulher apaixonada, frágil e desorientada que não sabe como lidar com a suspeita de que o marido (Cary Grant) seja um assassino (e que lembra muito a Mrs. De Winter, de "Rebecca").
Cary Grant também está bastante bem como o marido, mas a escolha dele como protagonista, com sua persona de galã leve e romântico, impediu Hitchcock de tornar o filme mais sinistro e sombrio e também explica o artificial final feliz, diferente do livro em que o filme se baseia.
Ainda que não se inclua entre as obras-primas de Hitchcock, funciona muito bem hoje e merece atenção.
Curiosidades: na famosa cena em que Grant sobe as escadas com um copo de leite envenenado, brilhando na escuridão, foi colocada uma pequena lâmpada dentro do copo para dar o efeito. Hitchcock aparece por volta dos 45 minutos de filme postando uma carta no correio. O cachorro do filme é um Sealyhams Terrier que Hitchcock guardaria para si por muitos anos e que faria outra ponta em Os Pássaros.
A versão em DVD traz como extras o making of "Antes do Fato: O Suspeito Hitchcock" e trailer. O filme faz parte da caixa "Coleção Alfred Hitchcock".