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Ficha completa do filme

Drama

O Rei dos Reis (1927) (1927)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 1

Clássica versão muda da vida de Cristo, uma superprodução dirigida pelo mestre do espetáculo Cecil B. de Mille (1881-1959). É extremamente bem realizada e encenada, repleta de detalhes imaginativos que injetam vida à história, fugindo do banal e do óbvio (mas para compensar quase todos os letreiros tem texto tirado diretamente do Novo Testamento).

O filme já começa brilhantemente, introduzindo Cristo através da primeira visão de um menino cego que ele cura. A partir daí não faltam idéias interessantes: a menina que pede que Cristo conserte sua boneca, a cruz na casa do menino endemoniado, Cristo escrevendo no chão os pecados ocultos dos populares que querem apedrejar a adúltera, o cão fiel ao pé da cruz do bom ladrão.

De Mille acertou também no elenco, onde todos estão adequados e eficientes. Em especial H.B. Warner (1875-1958) como Cristo, impressivo e severo mas também risonho e bem-humorado, numa composição memorável, entre as melhores do personagem no cinema.

Warner faria longa carreira como coadjuvante, em especial em vários filmes de Frank Capra. Um de seus papéis mais lembrados com o diretor é o do farmacêutico ajudado por James Stewart em "A Felicidade Não Se Compra" ("It´s A Wonderful Life", 1946).

O filme tem ainda bons efeitos especiais, com tomadas de dupla exposição e um espetacular terremoto ao final (com a marcante imagem da terra tragando a árvore onde Judas está enforcado). De Mille não podia fugir de sua característica combinação de sexo, mundanidade e religião, e o filme se inicia com a seminua cortesã Maria Madalena em uma orgia com amigos. Essa seqüência e a da ressurreição de Cristo foram filmadas a cores pelo então, ainda experimental, Technicolor de dois negativos.

De Mille, preocupado com a credibilidade do filme, obrigou os protagonistas a assinarem um acordo de não interpretarem papéis comprometedores nem participarem de atividades não-bíblicas (como ir a boates, beber em público e até dirigir conversível) durante cinco anos.

Vale a pena conhecer esse grande clássico mudo, talvez até uma introdução para o cinema do período para os neófitos, que é valorizado pela cópia excelente, com trilha musical e de efeitos sonoros perfeita e narração em português opcional (não muito recomendável).

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