Magnólia: O Barco das Ilusões (1936)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2004

Nota 1

Segunda versão cinematográfica do musical de Jerome Kern e Oscar Hammerstein II (houve uma parcialmente falada em 1929), baseado em livro de Edna Ferber. Inferior à refilmagem de 1951 (chamada aqui "O Barco das Ilusões"), que se tornou um clássico, esta ainda funciona bem, e em alguns pontos é até melhor, como no maior aproveitamento dos personagens negros (o lendário shakespeariano Paul Robeson e a mais tarde ganhadora do Oscar por "E O Vento Levou", Hattie McDaniel. Robenson era ativista negro e comunista, e por isso, perseguido pelo governo americano. Sua interpretação de "Old Man River" porém é insuperável).

Mas o casal central carece de química e parece um pouco deslocado: Irene Dunne exagera um pouco na comédia e Allan Jones, dos filmes dos Irmãos Marx, é canastrão e inexpressivo. O personagem da mulata perseguida pela lei (Helen Morgan aqui, Ava Gardner teve um dos melhores momentos de sua carreira na versão de 1951. Morgan (1900-41), porém, também é cantora famosa, criadora do personagem na Broadway e teve uma vida trágica envolvida com bebida e gangsteres, morrendo de cirrose. Este foi seu último filme) é desperdiçado e some prematuramente (a refilmagem soluciona melhor o caso).

O final muito fiel ao romance original e à peça, fica excessivamente prolongado, mas também é mais pobre e convencional. Os créditos iniciais são muito curiosos, figuras de papel recortado fazendo uma parada com cartazes com os nomes. O diretor Whale é mais lembrado por "Frankenstein" e "A Noiva de Frankenstein", e foi biografado em "Deuses e Monstros" (1998). O título original aqui era apenas "Magnólia"; a distribuidora acrescentou o subtítulo para se aproveitar da popularidade da refilmagem. Destaque para a trilha musical que é inigualável. Cópia fraca tirada de VHS.