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Ficha completa do filme

Drama,Filme Noir

O Tempo Não Apaga (1946)

Resenha por Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Da redação 16/07/2010
Nota 1
O Tempo Não Apaga

Em 1944 a atriz Barbara Stanwyck construiu a quintessência da mulher manipuladora e fatal dos filmes "noir" no clássico "Pacto Sinistro", de Billy Wilder. Dois anos depois voltou à carga neste "O Tempo Não Apaga" (The Strange Love of Martha Ivers), "noir" que incorpora elementos de outros gêneros. Em vez de se passar numa grande cidade, o filme é ambientado no interior dos Estados Unidos, como os melodramas sobre preconceito e hipocrisia. Além disso, começa num estilo gótico, com a atriz Judith Anderson repetindo a caracterização da vilã de "Rebeca, a Mulher Inesquecível", de Alfred Hitchcock.

Aqui Anderson vive a cruel tia da adolescente Martha Ivers, herdeira de uma fortuna. Martha tenta fugir da cidade com Sam, um amigo crescido nas ruas, mas é pega e levada para casa. Nas brigas que se seguem, acaba matando a tia sem querer. A morte é testemunhada por outro garoto, Walter, filho do tutor da menina.

Passam-se quase 20 anos e Sam (Van Heflin), que havia de fato ido embora da cidade na noite do crime, volta para constatar que não tem mais parentes vivos. Ex-combatente da Segunda Guerra, ele agora ganha a vida no jogo. Logo de cara conhece uma garota sob liberdade condicional (Lizabeth Scott) e, para tentar evitar que ela volte para a prisão, procura Sam (Kirk Douglas), que se tornou procurador distrital e se casou com Martha (Stanwyck). O reencontro dos três destrói o equilíbrio precário do casal, que vive uma relação sustentada em chantagem e cheia de ressentimentos.

A atmosfera "noir" entra em cena junto com a polícia, e as sombras invadem as imagens em preto e branco. A perversidade que atravessa todos os filmes do gênero campeia na história marcada por relações de medo e corrupção.

O problema é que o diretor Lewis Milestone conduz o filme com mão pesada, recorrendo exageradamente a simbolismos e à função dramática da música (já exagerada em si) de Miklós Rózsa. A atriz Lizabeth Scott, que aparece mais do que Stanwyck, impõe outro obstáculo, com um estilo de interpretação canastrão e fora de moda.

Uma curiosidade é a presença de Kirk Douglas em sua estreia cinematográfica, interpretando um sujeito frágil e alcoolatra, num registro oposto ao perfil de durão que ele adotaria mais tarde.

"O Tempo Não Apaga" concorreu ao Oscar de melhor roteiro.

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