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Faroeste,Ação,Drama

Pat Garrett e Billy the Kid (1973)

Resenha por Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Da redação 08/10/2010
Nota 4
Pat Garrett e Billy the Kid

Apropriadamente para um filme sobre duas lendas do Velho Oeste, "Pat Garrett e Billy the Kid" tornou-se uma lenda por si mesmo. Antes de mais nada por ser o único longa-metragem da história a contar com uma trilha sonora composta especialmente por Bob Dylan, que inclui uma de suas canções mais conhecidas, "Knocking on Heaven?s Door".

Além disso, teve uma das produções mais conturbadas de que se tem notícia e uma recepção desastrosa quando foi lançado numa versão montada à revelia do diretor Sam Peckinpah. Com o tempo, o filme foi ganhando status de clássico. Para isso muito contribuiu o lançamento, em 1986, da versão de Peckinpah, que havia morrido dois anos antes. O DVD que sai agora no Brasil é uma versão intermediária, alguns minutos mais curta, de 2005.

O projeto inicial da Metro Goldwyn Mayer era para ser assumido outro diretor, mas acabou nas mãos de Peckinpah, que se desentendeu com o roteirista Rudy Wulitzer quando ambos estavam fazendo um trabalho de reescrita. Foi o primeiro de muitos problemas, entre eles a mudança na chefia do estúdio, a redução do orçamento previsto, uma epidemia de gripe durante as filmagens, equipamentos quebrados, o alcoolismo do diretor. Peckinpah chegou a pagar um anúncio de página inteira num jornal para ironizar os rumores sobre as filmagens.

Apesar de tudo, no tema e no tom, o filme é dos mais pessoais. Peckinpah retoma dois de seus assuntos caros: a quebra de confiança entre amigos e a ética entre os fora-da-lei. A história é bem simples, embora com grande número de personagens secundários, entre eles o enigmático Alias, do bando de Billy the Kid, interpretado por Dylan.

Billy (Kris Kristofferson) e Pat Garrett (James Coburn), que haviam sido companheiros no time dos bandidos que desafiavam as cercas de arame dos novos latifundiários, agora se tornam inimigos. Garrett aceitou assumir o cargo de xerife imposto por um desses criadores de gado, Chisum (Barry Sullivan), com o apoio do governador do Novo México (Jason Robards).

Billy se recusa a mudar de lado e também não pretende sair do país. Resta a Garrett caçá-lo para matar. Cada um dos dois lados se vale de um grupo de aliados, mas os de Billy se juntam a ele por companheirismo e os de Garrett, por interesse ou pressão.

Peckinpah, que se tornou diretor consagrado com dois westerns, "Pistoleiros do Entardecer" ("Ride the High Country", 1962) e "Meu Ódio Será Sua Herança" ("The Wild Bunch", 1969), fez sua última incursão ao gênero com este filme. Desta vez, os velhos caubóis estão no elenco secundário, mas a história é igualmente sobre mudança: o fim dos tempos míticos e a chegada do poder econômico.

O diretor via o declino do Velho Oeste como um período em que a famosa e caótica terra sem-lei dava lugar a uma ordem clara, mas essencialmente repressora. Nenhum outro de seus filmes mostrou essa transição com tanta pungência. Diante dela, Garrett (vários anos mais velho do que o Kid) decide que mais vale prolongar sua vida. De qualquer forma, a violência, espetacular e chocante ao mesmo tempo, não é exclusiva de nenhum dos dois lados.

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