Stroszek (1977)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 29/07/2008

Nota 3

O diretor alemão Werner Herzog estava a dias de iniciar as filmagens de "Woyzeck" quando concluiu que o papel central era inadequado para o exótico Bruno S. (com quem já havia feito, com sucesso, "O Enigma de Kaspar Hauser") e requeria os talentos de seu ator-fetiche, Klaus Kinski. Daí, para aproveitar Bruno, escreveu em poucos dias essa melancólica análise da falsidade do sonho americano e da ilusória liberdade do país, baseada no consumo e no dinheiro.

Mas a pressa ou a falta de inspiração levaram Herzog a produzir um roteiro banal e esquemático, sem os vôos de imaginação de outros filmes seus. Aqui, ele parece excessivamente preocupado em ser didático na sua crítica ao capitalismo americano. Acaba por ser este o filme mais realista do diretor, ao ponto dos personagens terem o mesmo nome dos atores.

Apóia-se por completo no estranho carisma do problemático Bruno S., que já havia passado por reformatórios e sanatórios, em atuação em que basicamente interpreta a si mesmo, até aparecendo em seu apartamento tocando seu próprio piano. Irregular e mal costurado, alternando grandes idéias com obviedades, é um filme menor do diretor, apesar de ter fãs ardentes.