Este novo filme de Xuxa (Meneghel) é um pouco menos ruim do que o anterior. Mas não muito. Nem nada significativo. Ao menos estamos livres daquelas maquiagens apavorantes (mas não dos figurinos infelizes, Xuxa passa a maior parte do tempo com um desafortunado vestido de baile que só serve para atrapalhá-la). E de alguns efeitos patéticos (com direito até mesmo a uma figura em animação, o grilo falante do Pinnochio que tem uma simpática intervenção).
Mas não escapamos da impressão de que o filme foi feito às pressas, com pouco dinheiro (a cenografia é muito fraca, há um minuto de externas), relativo empenho (os diálogos são extremamente fracos e sem graça, parece que a única que ganhou algumas frases mais divertidas foi a Claudia Raia, no papel da Madrasta da Branca de Neve, que ao menos tem alguns instantes de brilho. O resto cai na vala comum).
Abandonando por uns tempos os duendes, Xuxa continua insistindo em fazer fitas para o público infantil, desta vez aproveitando um roteiro do experiente Flávio de Souza, que se chamava "A Floresta Encantada". A idéia é bastante razoável.
Xuxa é uma solteirona (ou quase) atrapalhada que aceita cuidar dos filhos de um parente por afinidade o Marcio Garcia (ele é novo demais para o papel, ela velha demais) em pleno sábado a noite, enquanto a melhor amiga (a divertida Heloisa Périssé sem as merecidas chances) tenta ajudá-la a demonstrar que é apaixonada pelo rapaz.
Mas no estilo "História sem Fim", eles vão parar dentro do livro de contos de fadas, interferindo em algumas histórias que ficam meio esquisitas. Isso dá oportunidade para aparições de alguns atores conhecidos, como Cristina Pereira (a mãe de Chapeuzinho Vermelho), Eva Todor (ao que parece em seu primeiro longa, como a avó de Chapeuzinho), Toni Garrido (Saci), Cláudio Heinrich (o Príncipe Encantado). Todos sem maiores chances.
O vilão é o pirata Barba Azul (Leandro Hassum) que deseja dominar o lugar com as forças do mal. Tem ainda Sergio Mamberti (como o tio mágico) e Tom Cavalcante como o narrador. É bom abrir um parágrafo. Esse narrador até que é uma idéia curiosa. Mas é estranho que ele apareça já no meio da história e suas interferências sejam supérfluas e pouco engraçada (aliás como tudo).
Dando uns resmungos fora de hora (o melhor momento é meio Mel Brooks, quando os personagens querem contracenar com a voz que narra tudo. Apesar de Tom ser comediante, o que ele diz não é para ser sequer humorístico).
Desta vez quase não há canções (fora uma interferência do grupo Rouge numa casa noturna que serve de contraponto a ação) e apenas uma música tema mostrada ao final como videoclipe (por sinal a canção é horrível e nem sequer se dá ao trabalho de rimar a letra). Em compensação, a trilha musical tem o trabalho de dar ritmo e intensidade a narrativa truncada e mal alinhavada.
Apesar de tantos pesares, tais como os irritantes intérpretes infantis fazendo crianças que falam e se comportam como adultos. Também não é possível falar em direção de Moacyr Góes, que fez quatro filmes no mesmo ano. "Abracadabra", porém, é menos execrável que muitos.