O diretor Sérgio Rezende e sua esposa, a produtora Mariza Leão, realizaram esse filme em um dos momentos mais difíceis do cinema brasileiro, depois do fim da Embrafilme, com dificuldades de financiamento e enfrentando até uma ação judicial de um militar da reserva que tentava impedir as filmagens.
Isso tudo estimula a boa vontade com um dos menos bem-sucedidos filmes da carreira de Rezende. O erro básico está no roteiro, que falha tanto em dar uma visão coerente da época da ditadura militar brasileira, recorrendo a cenas esparsas clichês (a tortura, o assalto ao banco, a reclusão nos aparelhos) que não se articulam, como em caracterizar Lamarca.
O personagem passa o tempo todo dizendo palavras de ordem e tomando decisões controversas e personalistas, que não são explicadas por uma melhor elaboração de sua personalidade. Mesmo suas relações afetivas com a mulher (Deborah Evelyn) e a amante (Carla Camurati, sempre perfeita), importantíssimas para o Lamarca real, são mostradas sem paixão e com diálogos banais, com ele resultando antipático, duro e frio.
Nem estudo de personagem nem painel sobre a época, resulta em um filme apenas mediano, que tem como mérito a produção criativa, que não revela a falta de recursos com que foi realizado.