Policarpo Quaresma, Herói do Brasil (1998)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2005

Nota 1

Depois de uma bonita campanha promocional para escolas, feita pelo diretor e ator, chegou finalmente ao cinema a obra-prima da literatura brasileira, "O Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto (não confundi-lo com o homônimo diretor do filme "O Cangaceiro").

O livro é tão original e inteligente que resiste a qualquer falta de recursos ou limitações. Ainda mais feito por um ator tão simpático, tão carismático quanto Paulo José (a doença não o afeta na tela, ele ainda melhora com a idade).

É um personagem fantástico e delicioso, um excêntrico que vive para tentar implantar no Brasil os costumes realmente brasileiros (como tentar convencer as assembléias de que deveríamos era falar tupi-guarani, a língua mãe por excelência). Depois de passar uma temporada num hospício, onde apenas a afilhada Giulia Gam o apóia, ele resolve aplicar métodos científicos para a agricultura, se mudando para o interior com a irmã (a ótima Bete Coelho), onde provoca novamente conflitos com suas idéias revolucionárias.

Não resiste, porém, e retorna ao Rio para ajudar numa revolução, colocando em perigo o governo do marechal Floriano Peixoto. Com um elenco que inclui nomes conhecidos do cinema brasileiro em papéis pequenos, rodado em locações autênticas, as falhas de narrativa, de ritmo, podem ser desculpadas pelo encontro entre ator e personagem, um grande momento de ambos.