UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Comédia

Os Queridinhos da América (2001)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2002
Nota 1
Os Queridinhos da América

Depois do Oscar, melhor dizendo depois de "Erin Brockovich", Julia resolveu fazer uma série de filmes onde divide o estrelato com outros (com Brad Pitt em "A Mexicana" e George Clooney e outros em "Onze Homens eum Segredo") e que não tem sido o costumeiro sucesso de bilheteria. Inclusive este aqui, que foi apenas razoavelmente nos Estados Unidos e por uma simples razão: é mesmo e somente razoável. Bonitinho, engraçadinho e pronto.

Seu problema maior não é tanto o fato de Julia compartilhar o estrelato com outras figuras famosas mas simplesmente o fato de que o tema é no fundo uma "inside joke", uma piada de amigos para amigos Hollywood acha muita graça de zombar de si mesmo. Os outros que não entendem as referências ou brincadeiras, nem tanto. Ou seja, o que parece uma sátira à Industria do Cinema e a maneira em que são vendidos os filmes e a atual"cultura de celebridades", no fundo é uma farsa inconseqüente e até mesmo mentirosa. Apenas uma desculpa para fazer rir.

No caso, o mais curioso é que Julia faz o papel de Kiki, a irmã feia e gorda de uma estrela famosa de cinema Gwen Harrison (Catherine Zeta Jones), que também trabalha como assessora de imprensa e secretária dela (Julia consegue isso com a ajuda daqueles efeitos de maquiagem que todo mundo tem usado ultimamente, apenas dez quilos a mais, nenhuma monstruosidade à la "Professor Aloprado"). Enfim, Gwen largou o marido e parceiro de cinema, Eddie Thomas (John Cusack) por um outro companheiro de filmagem, Hector (Hank Azaria, em papel que era para ser de Robert Downey Jr, quando ele foi preso novamente por drogas). Isso provoca um problema sério para o estúdio, que tem que lançar um último filme deles e para isso precisa que os dois continuem em bons termos e se falando. A solução do publicista Lee Philips (feito por Billy Crystal) é reunir toda a imprensa num local afastado no deserto e fazer um"junket" em que eles verão o filme e conviverão por uns dias com o casal (ele quer voltar, ela não e para complicar Julia é apaixonada pelo ex-cunhado que até então a ignorava).

O filme é curioso por ter sido co-produzido por Billy Crystal que também co-escreveu o roteiro (inicialmente pensando em fazer o papel central do galã) - embora muita gente ainda selembre dele como o apresentador do Oscar - e marcar o retorno à direção de Joe Roth, que nos últimos tempos chegou a ser chefe de produção tanto da Columbia Sony quanto da Disney. Largou esta última aliás para voltar a dirigir e fundou o Revolution Studios (embora nunca tenha dirigido nada de importante, seu curriculum inclui uma continuação dos "Nerds", "Ruas de Ouro" e "O Cadilac Azul"). E continua a ser melhor como executivo do que como realizador.

A fita como eu disse é razoavelmente divertida mesmo sem você entender certos detalhes e referências. Mas no meu caso específico, que já estive em junkets, faço restrições. Junkets são festas para a imprensa onde você tem a chance de entrevistar o diretor e atores de determinada fita ainda que em condições bem mais controladas do que mostra o filme, que tem o cuidado de não ofender ninguém, embora o único crítico que apareça seja um gordo meio gay e idiota. Esse processo de entrevistas foi muito melhor mostrado em outra fita de Julia Roberts, o "Notting Hill". Na verdade, nada do que o filme mostra teria acontecido na vida real, em particular um estúdio permitir que um diretor só mostre o filme diretamente para os jornalistas sem eles aprovarem antes. E dois astros daquela categoria jamais dão entrevistas juntos como o filme mostra.

Mas tudo bem, são coisas de cinema e não são para serem levadas a sério. Mas também não ajuda muito a credibilidade da fita. Depois ninguém está especialmente bem na fita, com Crystal tendo o cuidado de fazer o que é basicamente o vilão de forma extremamente simpática para ninguém ficar com raiva dele (ou perceber como ele, que representa Hollywood, ali é manipulativo e sem escrúpulos). Ainda assim, repito o filme é perfeitamente consumível e descartável.

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo