Amén (2002)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2004

Nota 1

No final dos anos 60, causou polêmica uma peça de teatro (e livro) chamado "O Vigário", de Rolf Hochhut, que denunciava a passividade e inação do Papa Pio XII diante das ações de Hitler e do massacre de judeus e outras minorias. Pela primeira vez se dizia claramente que o Papa tinha sido informado dos campos de concentração e em vez de denunciá-los, preferiu diplomaticamente se calar.

Quando Costa-Gavras, o mestre do thriller político e do filme-denúncia (como em "Z", "Estado de Sítio" e "Desaparecido"), resolveu filmá-lo, parecia lógico esperar uma fita tensa, forte, corajosa e ousada. Dando nomes aos bois. Assumindo o ataque.

O resultado acaba sendo uma decepção. Muito barulho por pouco. Nem mesmo a denúncia é muito forte ou impressionante. Mesmo assim, ainda é um filme interessante, abordando aspectos diferentes e reais de situações conhecidas. Começa demonstrando o poder da Igreja quando ela se manifesta contra a eutanásia de crianças deficientes mentais e consegue interromper a prática.

Isso dá esperança a Kurt Gerstein, que guarda documentos e faz tudo para denunciar ao Papa e ao clero os crimes que estão sendo cometidos. Quem o ajuda é um padre jesuíta que é filho de um assistente do Papa (feito pelo francês e judeu Mathieu Kassovitz, sempre melhor diretor que ator).

E os dois passam por inúmeras peripécias, problemas e dificuldades na tentativa de chegar ao Papa. E por coincidência, chegam a Roma justamente no momento em que os nazistas estão recolhendo os judeus para mandá-los para os campos (e para ser justo, os padres estão tentando socorrer os que vêm lhe pedir ajuda).

Mas o clímax é fraco e até a falta de ação do Papa ou da Igreja não soa tão dramático quanto seria de esperar. Nada é muito frontal ou conclusivo. Resta uma história muita bem produzida, contada de forma tradicional. Mas que é um filme menor.