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Ficha completa do filme

Aventura

Herói (2002)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 26/07/2005
Nota 5

Você ainda não viu "Herói"? Pois está perdendo o filme mais bonito de 2004, certamente um dos mais belos a que já assisti. Se você achou "O Tigre e o Dragão" diferente e plasticamente ousado, terá uma surpresa.

Aquele filme não passava de uma diluição do gênero e está muito aquém dessa aventura excepcional, que chega ao Brasil com um crédito comercial: "Apresentado por Quentin Tarantino", inventado pela distribuidora Miramax para compensar o fato de ter deixado o filme na gaveta por dois anos, para não competir com "Kill Bill".

Apesar de ter sido sucesso de bilheteria nos EUA, "Herói" não pôde concorrer ao Oscar de 2004 porque foi impedido por uma antiga e injusta regra (ele havia sido indicado ao Oscar de filme em língua estrangeira em 2002 e perdeu para "Lugar Nenhum na África").

É bom lembrar que "Herói" foi realizado por Zhang Yimou, o maior diretor da China e que antes foi fotógrafo (isso explica a excelência do trabalho visual de seus filmes), que colocou o cinema da China comunista no mapa, numa série de fitas que fez com sua musa Gong Li entre 1987 e 1995: "O Sorgo Vermelho", "Lanternas Vermelhas", "A História de Qiu Ju", "Tempo de Viver" e "Operação Shangai".

Em alguns desses filmes, Yimou teve problemas sérios com a censura local até quando, cansado de brigar, resolveu se refugiar em temas do passado. "Herói" tem uma temática que agradou ao governo chinês, já que mostra a importância de um governante forte e centralizado, para terminar com as guerras civis entre tribos. Ou seja, de uma certa maneira, ele oficializa o poder do governo para ocupar o Tibete e Taiwan.

Esse é o lado político e discutível do filme, certamente o ônus por estar num governo ditatorial. O roteiro lembra um pouco o do clássico "Rashomon", de Kurosawa, ou seja, relata a mesma história de formas diferentes e contraditórias.

Conta-se como um guerreiro (Jet Li, popular ator de filmes de ação, pela primeira vez trabalhando com Yimou) chega até o imperador que está tentando unificar a China, trazendo os despojos dos três maiores inimigos dele. Mas nada é bem como parece.

Através de uma estrutura complexa, que inclui matizes diferentes de cores predominantes, cenas assumidamente fantasiosas (como uma esplendorosa luta sob as águas de um lago), vai-se de surpresa em surpresa, de choque visual para impressionantes cenas de ação ou multidão (algumas com uso de efeitos digitais que já foram copiados em filmes como "Alexandre").

É um filme espetacular, de uma grande beleza estética, com conteúdo discutível, mas também compensado pela presença de quatro dos maiores astros da China, em particular a delicada Zhang Ziyi.

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema [resenha-data-cadastro]
Nota 5

Você ainda não viu "Herói"? Pois está perdendo o filme mais bonito do ano, certamente um dos mais belos que já assisti. Se você achou "O Tigre e o Dragão" diferente e plasticamente ousado, terá uma surpresa. Aquele filme não passava de uma diluição do gênero e está muito aquém desta aventura excepcional, que chega ao Brasil com um crédito unicamente comercial: "Apresentado por Quentin Tarantino".

Título que foi inventado pela distribuidora Miramax para compensar o fato de ter deixado o filme na gaveta por dois anos, para não competir com "Kill Bill", já que é obviamente superior a ele.

Apesar de ter sido sucesso de bilheteria nos Estados Unidos, "Herói" não pôde concorrer ao Oscar de 2004 por que foi impedido por uma antiga e injusta regra (ele havia sido indicado ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira em 2002 e perdeu absurdamente para "Lugar Nenhum na África"/ "Nowhere in Africa").

É bom lembrar que "Herói" foi realizado pelo maior diretor da China, que antes foi fotógrafo (isso explica a excelência do trabalho visual de seus filmes), Zhang Yimou, que colocou o cinema da China comunista no mapa, numa série de fitas que fez com sua musa Gong Li entre 1987-95 ("O Sorgo Vermelho", Lanternas Vermelhas", A História de Qiu Ju", "Tempo de Viver" e "Operação Shangai").

Em algumas delas, teve problemas sérios com a censura local até quando, cansado de brigar, resolveu se refugiar em temas do passado. Este filme tem uma temática que agradou o governo chinês, já que mostra a importância de um governante forte e centralizado, para terminar com as guerras civis entre tribos.

Ou seja, de uma certa maneira ele oficializa o poder do governo para ocupar Tibet e Taiwan. Esse é o lado político e discutível do filme, certamente o ônus dele estar trabalhando num governo ditatorial.

O roteiro lembra um pouco o clássico "Rashomon", de Kurosawa, ou seja, relata a mesma história de formas diferentes e contraditórias. Conta-se como um guerreiro (Jet Li, popular ator de fitas de ação, pela primeira vez trabalhando com Yimou) chega até o imperador que está tentando unificar a China, trazendo os despojos dos três maiores inimigos dele.

Mas nada é bem como parece. Através de uma estrutura complexa, que inclui matizes diferentes de cores predominantes, cenas assumidamente fantasiosas (como uma esplendorosa luta sob as águas de um lago), vai-se de surpresa em surpresa, de choque visual para impressionantes cenas de ação ou multidão (algumas com uso de efeitos digitais que já foram copiados em filmes como "Alexandre").

É um filme espetacular, de uma grande beleza estética, com conteúdo discutível mas também compensado pela presença de quatro dos maiores astros da China, em particular a delicada Zhang Ziyi.

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