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Ficha completa do filme

Suspense

Sinais (2002)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2003
Nota 3

Depois de ter rendido cerca de 250 milhões apenas nos Estados Unidos, fica difícil convencer alguém que este "Sinais" é basicamente uma fita que o diretor M. Night Shyamalan rodou no quintal da casa dele (maneira de dizer), com um orçamento baixíssimo (fora os 25 milhões de dólares que pagou a Mel Gibson), e, pelo jeito, não sobrou dinheiro para pagar uma roupa de E.T. mais convincente.

Depois da decepção do filme anterior "Corpo Fechado" ("Unbreakable"), fica difícil agora levar a sério o diretor de origem indiana (que, por sinal, faz um papel importante na história, um veterinário que matou acidentalmente a mulher de Gibson e depois tranca um E.T. na dispensa). Deixa dizer porque eu fiquei de má vontade também. Há uma cena na fita que supostamente se passa no Brasil, em Passo Fundo, na qual um câmera amador filmou o E.T. (é a primeira vez que ele aparece na fita). O problema é que as crianças falam português e a mais audível fala claramente português de Portugal. Ou seja, alguém não soube fazer a pesquisa correta (americano como não sabe nada mesmo, o crítico da "Entertainment Weekly" disse que a cena era no México).

Ao contrário do que o trailer deixa prever (onde não se explica nada), este é um filme de invasão alienígena mesmo. Usa as marcas no milharal como ponto de partida de uma invasão mundial quase no estilo de "Independence Day", só que com orçamento zero. Tudo se passa na casa da família de forma claustrofóbica, com corridas pelo milharal e uns E.T.s extremamente incompetentes (não sei como um deles não consegue escapar de uma dispensa, depois a solução final é ainda mais irritante. Jamais os E.T.s viriam para a Terra já que aqui existe enorme quantidade do que faz mal a eles). Mas a história é muito mal contada, mal explicada.

A tal ponto que não ficamos sequer sabendo que "Sinais" eram aqueles, e o que significavam, eles esquecem de explicar. Tudo é mero pretexto para ir se criando clima, fazendo suspense com uma família em crise e com medo. O pai Mel Gibson é um padre (reverendo suponho), que largou a batina, porque perdeu a fé quando a mulher morreu em acidente e agora cria o casal de filhos (um deles é Rory, mais um dos Culkins). Tem ainda o irmão dele (Joaquin Phoenix) e a única mulher importante é a policial local (Cherry Jones). Parece que a preocupação do diretor é pregar sustos, criar situações para depois não saber resolvê-las.

Todo mundo reclamou do final que é mal resolvido. Mas eu reclamo também do roteiro que é mal desenvolvido, como se ele tivesse tido a idéia e não soubesse como acabá-la. (Além da discutível caracterização dos E.T.s, o filme tem um clímax muito parecido com "O Quarto do Pânico", o que foi coincidência e deixou o diretor irritado). Como a fita fez sucesso de bilheteria é o caso de perguntar por quanto tempo as pessoas irão acreditar em Shyamalan e vão lhe dar crédito. O meu acabou com esta fita. Não revelo acima nada de prejudique a visão do filme. A invasão de E.T.s acontece depois de 15 minutos, no entanto pode ser recomendável ler a crítica depois de assistir. No caso, o azar é do leitor.

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