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Ficha completa do filme

Drama

21 Gramas (2003)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2004
Nota 1

O Globo de Ouro ignorou totalmente este filme, que foi o primeiro trabalho americano do diretor mexicano que fez "Amores Perros" (com quem tem certa semelhança), Alejandro Iñárritu. O título imediatamente faz pensar em drogas (mas apenas o personagem de Naomi Watts consome cocaína, aliás em cena gratuita).

Como o diretor explicou em entrevistas e num diálogo da fita, 21 gramas seria o peso da alma. Quando alguém morre perde justamente essas gramas (muita gente já contestou isso dizendo que é pura besteira, nada científica).

O filme é daqueles que pega uma história comum e procura complicar, mudando a ordem cronológica dos fatos. Até a primeira meia hora é intrigante, interessa até o momento em que matamos a charada. Dali em diante há cenas desnecessárias, redundantes, personagens que não sabem se explicar (Naomi a princípio quer perdoar, de repente sem preparação resolve partir para uma vingança brutal). E acaba se perdendo.

Só não fica pior porque tem um excelente trabalho de elenco. O Globo de Ouro se enganou em indicar Sean Penn por "Sobre Meninos e Lobos" e o Oscar em premiá-lo. É aqui que está bem, humano, despojado, sem super-representar, se entregando totalmente ao personagem (foi o melhor ator em Veneza pela fita e por esta devia ter sido premiado).

Benicio Del Toro, que não havia acertado com nada depois do Oscar, volta a emplacar com uma presença excepcional (e foi indicado como Coadjuvante). E Naomi Watts ("O Chamado") é sem dúvida uma boa atriz. Mereceu ter sido indicada ao Oscar.

A trama não é tão convincente, caindo em clichês, personagens antipáticos e atitudes injustificadas. Penn está morrendo porque precisa de um transplante de coração. Depois que o consegue vai atrás da mulher do doador, Naomi, que está em crise (até porque perdeu também as duas filhas, todos os três foram mortos num atropelamento, que aliás não é mostrado, provocado por um "Jesus freak", um marginal convertido e fanático por Cristo, feito por Benicio).

Entre a vida dos três que se entrecruzam, há algumas figuras paralelas (as respectivas esposas, a de Penn feita pela francesa Charlotte Gainsbourg e a de Benicio, por outra atriz ótima, com cara de gente, Melissa Leo).

Feito com a câmera na mão, o colorido deformado na pós-produção, o filme vai perdendo força ao final diante da redundância de certas cenas e ações. Mas vale mesmo pela grande interpretação do elenco. Pró: Grandes atores, diretor latino promissor, indicações ao Oscar. Contra: trágico, pesado, drogas assustam o espectador.

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