Um filme de muitas qualidades: a maior, sem dúvida, é dar oportunidade para o grande Paulo José demonstrar seu carisma, talento e encanto que nem a doença, nem a idade diminuiu. Depois a revelação da interessante e também talentosa estreante Cleo Pires, filha de Fábio Jr e Gloria Pires no papel central (em momento nenhum ela demonstra inexperiência).
Também há achados criativos, como a variação de cores e luz na fotografia diferenciando passado e presente, o uso do recurso de fazer os atores congelarem em determinada posição para demonstrar passagem de tempo.
Já o roteiro é menos feliz. Talvez porque o livro original de Chico Buarque de Holanda se preste pouco para uma versão no cinema. Mas o fato é que a história ficou confusa, complicada, concluindo de maneira desagradável.
O personagem título é vivido por Paulo na maturidade e por Danton Mello na mocidade, e a história se alterna entre os dois (Cleo faz as duas mulheres) tentando deixar patente a idéia de um amor revivido.
O fato de não ter feito o sucesso esperado parece ser porque não se assume como história de amor, talvez por pudor, talvez por causa do próprio livro em que foi baseado. Mas vale dar uma conferida.