Desaparecidas (2003)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 31/08/2004

Nota 1

É uma pena que a distribuidora Columbia lance seus filmes grandes apenas no formato "tela cheia", em vez de "widescreen", que seria mais adequado para um faroeste como "Desaparecidas".

A fita não chegou a estrear nos cinemas do Brasil, devido ao fracasso comercial nos EUA (havia esperança de que o filme concorresse ao Oscar), e foi direto para as locadoras -a capinha diz que gênero do filme é suspense!). Entretanto trata-se de uma produção classe A do diretor de "Uma Mente Brilhante", Ron Howard, que faz pela primeira vez um faroeste.

Embora aparentemente lembre a obra-prima de John Ford , "Rastros de Ódio" (que também era sobre cowboys procurando por mulheres brancas seqüestradas pelos índios), Howard procurou ser mais moderno. Assim, a fotografia é daquelas escuras, em que mal se consegue enxergar alguma coisa nas cenas noturnas (à moda de Clint Eastwood), e a figura central é uma mulher, a grande atriz australiana Cate Blanchett, que interpreta uma personagem complexa e em conflito (Maggie).

O roteiro, porém, se complica demais: Maggie também é curandeira, mas não acredita em feitiçaria, o que é improvável. E a fita gasta tempo com esse tema totalmente dispensável já que o chefe dos bandidos seria também um bruxo. Além disso, muita coisa não se explica, por exemplo, quem foi o pai da garota seqüestrada.

Um pouco longo demais, o filme é bastante razoável, até interessante, principalmente por Cate Blanchett -quando ela vai finalmente ganhar um Oscar?-, mas não especial. A boa edição inclui três finais alternativos (ainda piores do que o original), 11 cenas excluídas, Ron Howard falando sobre seus filmes caseiros ("The Deed of Daring Do", "Cards Cads Guns Gore and Death", "Old Paint") e comentando sobre John Wayne, montgagem, o processo de filmagem, seu amor pelos faroestes, as convenções do gênero. Mas estranhamente não tem os making ofs da versão norte-americana.