O Tango e o Assassino (2003)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2004

Nota 3

Não confiava muito em Robert Duvall como diretor porque ele tem a mania de fazer filmes com diálogos improvisados, caindo na banalidade (e cenas longas, intermináveis, sem graça alguma). Seu "O Apóstolo" era quase insuportável. Mas tinha esperanças neste filme, já que há muitos anos Duvall é apaixonado pelo tango (há uma década atrás, assisti na Argentina um documentário que ele fez sobre a dança, que pratica regularmente). Ou seja, podia acertar com um projeto tão pessoal.

Mas não. Este filme é um estupor, chato, mal armado, mal contado, com vários finais. E nem o tango se vê direito (por favor, melhor alugar o filme de Carlos Saura). Nada me convenceu, nem mesmo a relação dele com a moça argentina bailarina de tango Luciana Pedraza (que fala para dentro e é a atual mulher de Duvall. Só isso pode explicar porque aquela mulher ganhou um papel principal num filme).

Não acho mais possível suportar protagonistas que são assassinos profissionais (afinal quantos existem no mundo? Para ter tantos filmes sobre eles. E por que deveria o espectador se interessar por seus problemas, se são assassinos pagos, frios, impiedosos e danosos. Cadeia para eles). Enfim. Duvall faz um veterano assassino profissional do Brooklyn que vai para Buenos Aires (que é mostrada mal, sem qualquer ranço turístico) fazer um serviço matar um antigo general que está acima da lei.

O serviço é mal armado e amadorístico e atrasa-se quando o oficial sofre acidente e passa semanas no hospital. Nesse meio tempo, Duvall descobre os segredos do tango e se envolve com uma bailarina (só que ele tem mulher e uma enteada a quem adora), mas nada é bem resolvido ou definido (nem mesmo o que sucede com os conspiradores, dá a entender que eram os próprios governantes que desejavam a morte do general). Feito com tempos mortos, papo banal, elenco deficiente (o único momento curioso é quando Duvall deixa falar uma dançarina veterana que tenta definir o que é tango).

Nem mesmo sabe mostrar direito uma dança (que como se sabe, pode ser coreograficamente rica e fascinante). Mas é muito fraco.