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Ficha completa do filme

Drama

Os Sonhadores (2003)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 06/07/2005
Nota 1

Parecia uma grande idéia: Bernardo Bertolucci, diretor de "O Último Tango em Paris", um dos filmes mais eróticos da história do cinema, fazer um filme sobre o começo da revolução sexual, em maio de 1968 em Paris, particularmente num momento preciso em que os jovens descobriam a Cinemateca Francesa (onde se formaram os críticos e cineastas da nouvelle vague), que sofria uma intervenção que destituía seu fundador, Henri Langlois.

Isso, de certa maneira, seria o começo das manifestações de rua que se transformariam em motins e modificariam a sociedade francesa e o resto do mundo para sempre. O resultado chamado "Os Sonhadores" é tímido, discreto e apenas curioso. Quase nostálgico. Nunca inflamado ou apaixonado, como seria de esperar de um cineasta da estatura de Bertolucci ("O Último Imperador"), ainda mais falando de um assunto que entende e gosta: o cinema.

Assim, é muito simpático rever Jean-Pierre Léaud, como si próprio, participando dos protestos, assim como as rápidas inserções de trechos e citações de 29 filmes famosos (como "Acossado", de Godard, "O Picolino" com Fred Astaire, "Monstros", "Vênus Loira", com Marlene Dietrich, e "Sabes o que Quero", com Jayne Mansfield).

Cinéfilia à parte, o filme, porém, nunca decola. O roteiro de Gilbert Adair utiliza um velho esquema do romance: o jovem inocente americano que vai para Paris aprender sobre a vida e o amor (feito pelo inexpressivo Michael Pitt, que não é parente de Brad) e se envolve com um casal de irmãos (Eva Green, filha da estrela dos anos 60 Marléne Jobert, e Louis Garrel, este muito parecido com seu pai, o diretor de cinema e ator Philippe Garrel).

Todos eles são malucos por cinema _o que justifica as citações_ e estão na fase de experimentação sexual, o que leva a alguns jogos perigosos. No livro que deu origem ao filme, o triângulo amoroso tinha um ângulo homossexual que Bertolucci não teve coragem de abordar. Alguma nudez, algum sexo, nada, porém que assuste mesmo nestes tempos pudicos.

Superficial e tolinho, sem questionar muita coisa, também se conclui de forma imperfeita.

Edição em DVD traz making of, documentário "Do Outro Lado da Janela" (sobre os acontecimentos na França em maio de 68), clipe de "Hey Joe" (com Pitt, dirigido por Bertolucci). Tudo legendado. Mas não tem comentário em áudio do diretor e do produtor, Jeremy Thomas, como na versão americana.

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema [resenha-data-cadastro]
Nota 1

Parecia uma grande idéia: o diretor de "O Último Tango em Paris", uma das fitas mais eróticas da história do cinema, fazer um filme sobre o começo da revolução sexual, datada justamente de maio de 1968 em Paris.

Mais particularmente num momento preciso em que os jovens descobriam a Cinemateca Francesa (onde se formaram os críticos e cineastas da Nouvelle Vague), que sofria uma intervenção que removia seu fundador Henri Langlois. O que de certa maneira seria o começo das manifestações de rua que se transformariam em motins e modificariam a sociedade francesa, e por extensão o resto do mundo, para sempre.

Muito promovido porque nos Estados Unidos teve classificação de NC-17 (ou seja, proibido para menores de 18 anos), porém é tímido, discreto e apenas curioso. Quase nostálgico. Nunca inflamado ou apaixonado como seria de esperar de um cineasta da estatura de Bertolucci ("O Último Imperador"), ainda mais falando de um assunto que entende e gosta: o cinema.

Assim, é muito simpático se rever Jean-Pierre Léaud participando dos protestos, assim como as rápidas inserções de trechos e citações de filmes famosos (29 deles, incluindo "Acossado", de Godard; "O Picolino", com Fred Astaire; "Freaks"/ "Monstros"; "Vênus Loira", com Marlene Dietrich; "Sabes o que Quero", com Jayne Mansfield).

Cinefilia à parte, o filme nunca decola. O roteiro de Gilbert Adair utiliza um velho esquema do romance: o jovem inocente americano que vai para Paris aprender sobre a vida e o amor (feito pelo inexpressivo Michael Pitt, que nada tem a ver com o Brad) e se envolve com um casal de irmãos (Eva Green, filha da estrela dos anos 60 Marléne Jobert e Louis Garrel, este muito parecido com seu pai, o diretor de cinema e ator Philippe Garrel).

Todos eles são malucos por cinema (o que justifica as citações) e estão na fase de experimentação sexual, o que leva a alguns jogos perigosos (mas no livro original, completava-se o triângulo amoroso com um ângulo homossexual que Bertolucci não teve coragem de abordar).

Alguma nudez, algum sexo, nada, porém que assuste, mesmo nestes tempos pudicos. Superficial e tolinho, sem questionar muita coisa, também conclui de forma imperfeita. Vale uma conferida. Mas sem entusiasmo.

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