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Ficha completa do filme

Aventura

Homem-Aranha 2 (2004)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 11/01/2005
Nota 5

Você ainda não assistiu a "Homem-Aranha 2"? O que está esperando? Hollywood finalmente parece ter dominado a técnica de fazer continuações e como em poucos outros casos ("X-Men 2", "Star Wars: O Império Contra-Ataca" e "O Senhor dos Anéis: As Duas Torres") melhorou na segunda vez, corrigiu defeitos e expandiu as qualidades.

Na verdade, a grande sacada parece ser escolher o diretor certo. No caso, Sam Raimi não é apenas experiente em filmes do gênero (ele criou a série "Evil Dead - Uma Noite Alucinante"), mas um apaixonado por histórias em quadrinhos em geral e pelo personagem em particular.

"Homem-Aranha 2" vai contra as regras do blockbuster e, no chamado "primeiro ato" _os primeiros 40 minutos_, não tem nenhuma cena de ação, a não ser uma piadinha com Peter Parker entregando pizzas. No entanto, acerta em cheio.

Por estranho que pareça, em "Homem-Aranha 2" há várias cenas que não têm outra função que a de aprofundar os personagens, acentuar características de seu caráter. Não tem medo de fazer referências diretas ao filme original, mesmo que dois anos depois ele não esteja tão fresco na memória, com aparições inesperadas e não creditadas de Cliff Robertson (tio de Parker) e Willem Dafoe (Duende Verde).

O enfoque agora é totalmente direcionado ao protagonista Peter Parker (Tobey Maguire mais uma vez confirma o acerto de sua escolha para o papel) e acentua não apenas o fato de ele ser um jovem nerd universitário, mas principalmente suas inseguranças, culpas e deficiências.

Pode-se dizer que o filme é basicamente um pequeno "Hamlet': ser ou não ser, assumir ou não, ter consciência de que existe uma escolha e que nenhuma delas trará a felicidade definitiva e sem riscos. É assunto pesado, desenvolvido até em monólogos pelo vilão Dr. Octopus/ Dr. Polvo, ou apenas Doc Ock, num roteiro do veterano Alvin Sargent (mais conhecido por filmes dito sérios como "Lua de Papel" e "Julia e Gente como a Gente", que lhe deram Oscars).

E o roteiro realiza o sonho de muito fã de quadrinhos (que espera isso também do novo "Batman"): o personagem não é apenas um super-herói banal, mas um ser humano indeciso em relação aos seus acidentais super-poderes, à sua culpa pela morte do tio e atormentado pelo seu crônico atraso. E, principalmente, o super-herói vive sua história de amor.

Peter passa o filme todo sofrendo porque não consegue se entender com Mary-Jane (Kirsten Dunst), que se tornou uma festejada estrela da Broadway. São tantos os conflitos, os problemas, a concorrência - Mary Jane fica noiva de um astronauta (e, como nada é perfeito, o ator Daniel Gillies é o pior do elenco, o que é grave porque ele potencialmente voltará como o vilão Wolf Man).

A história é construída de tal forma que é impossível não se identificar com a dupla e torcer para que eles fiquem juntos no final. Principalmente porque também não faltaram as grandes cenas de ação, que ganharam um toque de "Superman"; a melhor certamente é quando ele tenta interromper um trem descontrolado com a cumplicidade dos passageiros.

Este é outro fator fundamental do filme: não lhe falta senso de humor. Seja em piadinhas que nem todos vão pegar (como a referência aos problemas nas costas do ator Tobey, que quase o deixaram fora do filme), até inúmeras citações para os fãs, como a aparição do ator-fetiche de Raimi, Bruce Campbell, que faz o porteiro do teatro; uma rápida ponta do criador do personagem Stan Lee (é o sujeito que salva uma moça na rua, quando cai entulho nela); o astro da série "Queer as Folk", Hal Sparks, que aparece no elevador; o diretor John Landis como médico, e assim por diante.

O fato é que os US$ 45 milhões foram bem gastos nos efeitos especiais. Também funciona Alfred Molina como Dr. Octopus, novamente porque também ele é humano e tem conflitos, além de um interesse romântico, a mulher que ama e perde (a estrela da Broadway Donna Murphy).

O filme funciona, é empolgante, divertido, emocionante. Esperamos ansiosamente pelo terceiro, sem mexer no time.

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