UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Musical

O Fantasma da Ópera (2004)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 09/08/2005
Nota 3

Quando se diz que a melhor coisa de um filme é sua direção de arte, estamos mal. É o caso desta adaptação de "O Fantasma da Ópera", o famoso musical de Andrew Lloyd Webber, ainda em cartaz na Broadway. Lloyd Webber sempre me pareceu um pastiche discutível de operetas e "grand guignol".

Mas o público costuma lotar os teatros e sai cantarolando os dois temas centrais. Webber produziu e supervisionou o filme dirigido por Joel Schumacher, que, depois de dois filmes de Batman (universalmente ridicularizadas), passou a fazer umas fitas violentas (para as quais descobriu Colin Farrell). Ex-figurinista, Schumacher apenas valoriza os detalhes das roupas no filme.

Ao mostrar o Teatro de Ópera Popular, o filme parece rico e suntuoso. Mas logo depois cai no kitsch e no grotesco, como no refúgio onde está o dormitório do Fantasma. Será que o diretor quis copiar "Ludwig", de Visconti? Ou, em outra cena de delírio, ele não tem vergonha de imitar descaradamente "A Bela e a Fera", de Jean Cocteau?

A história é sobre Christine, uma jovem cantora que ficou órfã e foi criada nos bastidores da ópera, protegida por um desconhecido que parece um fantasma e que ela pensa ser seu próprio pai.

Mas o fantasma é um compositor frustrado que teve seu rosto deformado por um incêndio e que vive nos porões do teatro, assustando seus donos. Quando uma prima-dona (Minnie Driver, numa tentativa de ser alívio cômico, mas num papel pequeno demais para ser marcante) cria caso, Christine tem a chance de estrelar uma ópera e acaba sendo redescoberta pelo namorado da infância, que é também visconde e patrono do lugar. A história é contada num longo flashback desse namorado de infância, que relembra os acontecimentos quando se faz um leilão do que sobrou do incêndio da ópera.

Schumacher acertou no mais difícil: encontrar uma boa menina que cantasse e convencesse como a heroína (Emmy Rossum, de "O Dia Depois de Amanha"), ainda que por vezes a dublagem da fita pareça fora de sincronia. O galã Patrick Wilson ("Angels in America") está inexpressivo e prejudicado por um cabelo ridículo.

O problema maior é a escolha do Fantasma, um ator escocês pouco conhecido chamado Gerald Butler (que fez o primeiro "Lara Croft"), que não canta bem, não é bom intérprete e não tem nenhum carisma. O curioso é que em outros filmes, como em "Querido Frankie", Butler demonstrou exatamente o oposto. Ou seja, só pode ser culpa da direção.

O filme nem se caracteriza como terror nem o lado romântico é bem explorado. Outro problema: com muito efeito digital, o filme lembra bastante "Moulin Rouge", só que sem invenção nem criatividade.

"O Fantasma da Ópera" foi fracasso de bilheteria e dá para entender o por quê. Foi indicado ao Oscar de fotografia, direção de arte e canção ("Learn to be Lonely", fraquinha e composta especialmente para o filme, interpretada nos letreiros finais por Minnie Driver).

Edição em DVD traz como extras: making of ("Por Trás da Máscara"), "A Música de The Phantom", quatro clipes . A edição americana tem uma cena adicional.

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema [resenha-data-cadastro]
Nota 3

Uma competente montagem brasileira deste espetáculo originário de Londres e Broadway tinha alguns achados (a queda do candelabro no final do primeiro ato é melhor que o original) e um excelente cantor fazendo o papel central. Isso ajuda a comparar esta banal versão para o cinema que sai agora em DVD.

Quando se diz que a melhor coisa de um filme é sua direção de arte, estamos mal arranjados. É o caso desta adaptação do famoso musical que ainda continua na Broadway. Nunca fui admirador do show de Andrew Lloyd Webber, que sempre me pareceu um pastiche discutível de operetas e grand guignol. Mas o público costuma lotar os teatros e sai cantarolando os dois temas centrais.

O autor Webber foi quem produziu e supervisionou o filme, que ficou sob a direção de Joel Schumacher, que depois de duas fitas de Batman (universalmente ridicularizadas) passou a fazer umas fitas violentas (para as quais descobriu Colin Farrell). Mas no fundo não passa de um figurinista que acertou no cinema (essa era sua profissão original e o carinho que tem pelos detalhes de roupa ficam visíveis no filme. O problema é que como bom americano, não tem a menor noção de bom ou mau gosto).

Enquanto tudo é mostrado dentro do Teatro de Ópera Popular, o filme parece rico e suntuoso. Mas logo depois cai no kitsch, no cafona, no grotesco, como no refúgio onde está o dormitório do Phantom (será que ele quis copiar o filme do Visconti, "Ludwig"? Já que em outra cena de delírio não tem vergonha de imitar descaradamente "A Bela e a Fera", de Jean Cocteau, com os braços segurando candelabros).

A história, se é que alguém ainda não conhece, é sobre uma jovem cantora, Christine, que ficou órfã e foi criada nos bastidores da ópera, protegida por um desconhecido que parece um fantasma e que ele pensa ser seu próprio pai. Mas é um compositor frustrado que teve seu rosto deformado por um incêndio e que vive nos porões, assustando os donos do lugar.

Quando uma primadona (Minnie Driver, numa tentativa de ser alivio cômico, mas num papel pequeno demais para ser marcante) cria caso, Christine tem a chance de estrelar uma ópera e acaba sendo redescoberta pelo namorado da infância, que por acaso é também visconde e benfeitor do lugar (aliás, toda a história é um longo flash-back dele velho, relembrando o que sucedeu quando se faz um leilão das coisas que sobraram do incêndio da ópera).

Schumacher acertou no mais difícil, encontrar uma boa menina que cantasse e convencesse como a heroína (a moça Emmy Rossum de "O Dia Depois de Amanhã"/ "The Day After Tomorrow"), ainda que por vezes a dublagem da fita pareça estranha, fora de sincronismo. Também o galã é bom, ainda que esteja inexpressivo e prejudicado por um cabelo ridículo, Patrick Wilson ("Angels in America", "Alamo").

O problema mesmo é terem errado tão feio na escolha do Phantom, chamando um ator escocês pouco conhecido chamado Gerard Butler (que fez "Timeline", o primeiro "Lara Croft") que não canta bem, não é bom interprete e não tem qualquer carisma. O pior é que em outras ocasiões (como em "Querido Frankie") Butler demonstrou exatamente o oposto. Ou seja, só pode ser culpa da direção. Não puxam para o terror e não conseguem explorar o lado romântico.

Ah, um detalhe importante, o clímax do candelabro que cai que na peça era no final do primeiro ato, agora é no final do filme. Outro problema: com muito efeito digital, o filme lembra bastante "Moulin Rouge", só que sem a invenção e criatividade daquele. Acaba ficando cafona, aborrecido, medíocre.

Foi fracasso de bilheteria e dá para entender porque. Conseguiu sintomaticamente indicação de Oscar, de Fotografia, Direção de Arte e Canção (uma fraquinha inédita, "Learn to be Lonely", composta especialmente para o filme, cantada nos letreiros finais por Minnie Driver).

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo