UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Ficção Científica

Aeon Flux (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 13/06/2006
Nota 3

É complicado quando um filme não é mostrado com antecedência à imprensa (nem aqui, nem nos EUA), como este "Aeon Flux", criando uma situação 1) onde automaticamente já se assume que o filme é ruim. 2)cria-se má vontade com ele. 3) e cabe a pergunta, o que é menos ruim, criticas possivelmente desfavoráveis ou deixar o filme passar em branco, com certeza de fracasso, ainda mais por causa do titulo misterioso e pouca publicidade.

Neste caso, o filme deveria ter sido melhor vendido ao publico indicado, os fãs da série de TV Anime (animação) japonesa , ou seja, de quadrinhos e fantasia (que por sinal são fiéis e entusiasmados, espalhados por sites da Internet onde realmente se cria o boca a boca hoje em dia). Ou seja, como é alternativo em concepção (produção MTV baseada num desenho animado que começou como parte da série "Liquid Dreams" em 1990, se tornando uma série regular em 1995). Chegou a sair em Vídeo no Brasil e já se anuncia uma edição em DVD. "Aeon Flux" custou cerca de 55 milhões de dólares e não arrecadou mais do que 25, simplesmente porque há uma rejeição a esse tipo de filme por parte de grande parte do público (em particular as mulheres), como já sucedeu com "A Ilha" (o filme já foi descrito como um encontro deste com "Matrix").

Esta adaptação é dirigida por uma mulher, Karyn Kusama (que estreou com o filme premiado em Sundance, "Girlfight" ("Boa de Briga"), precursor de "Menina de Ouro". Não faz diferença. No roteiro, eles mudaram bastante coisa. O original quase não havia diálogos. Aqui não são muitos, mas há o suficiente para entender. Houve críticos americanos que reclamaram que não compreenderam nada. Besteira. O filme é perfeitamente lógico, até com certas pretensões shakespereanas, como traições, reuniões de gabinete, lealdades e velhas paixões explicadas ao final. Mas na série de TV não se ficava sabendo sequer o que motivava Aeon (Charlize Theron) ou qual era sua relação com Trevor Goodchild. Ou seja, era cult e obscura por definição.

Aqui ainda há certas coisas nebulosas que mereciam maior clareza. Dá para aceitar como fantasia, mas não se deixa claro sua causa e sua motivação, talvez ate pensando numa continuação, que certamente não irá acontecer. Também não fica muito clara a finalidade da parceira de Aeon, Sithandra (a indicada ao Oscar por "Hotel Ruanda", Sophia Okoneko) ter tirado os pés e substituído por outro par de mãos e outros detalhes assim. Procura seguir o visual estilizado do original (a seqüência da mosca no começo é uma citação literal). A bela Charlize tem uma atuação atlética, o que interrompeu o filme por um mês quando ela se machucou ao dispensar dublês. Dramaticamente, está melhor do que em "Terra Fria", que lhe deu outra indicação ao Oscar.

O resto do elenco tem curiosidades como Frances McDormand fazendo a chefe dos terroristas, com cabelo arrepiado de bruxa. E ainda uma aparição marcante, como o jardineiro de Trevor o exótico Nikolai Kinski, filho de Klaus Kinski e irmão de Nastassia. O vilão é Johnny Lee Miller, ex-marido de Angelina Jolie. Não me lembrava do galã do filme, o neo -zelandes de origem húngara, Marton Csokas (o nome se diz Cho-Kash) que esteve em "Senhor dos Anéis" e outros. Ele fotografa como uma mistura de Kevin Spacey e Clive Owen.

Sem duvida, esquisito, "Aeon Flux", uma fantasia-ficção cientifica com algo a dizer e está longe de ser o desastre que apregoaram. Mas não é para todos os gostos.

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo