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Ficha completa do filme

Drama

Cidade Baixa (2005)

Resenha por Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006
Nota 1

Produzido por Walter Salles e exibido em Cannes 2005, este filme tem sido consagrado como um dos melhores brasileiros de um ano difícil e decepcionante. Também não é filme para Oscar, está mais para a sensibilidade européia (e também não parece especialmente comercial). Mas é interessante para demonstrar como uma história fraca e previsível, já realizada inúmeras vezes, em diversos lugares do mundo, pode ganhar novo sabor e interesse graças a excelência de seu elenco e realismo de sua realização (em Salvador, já que o título obviamente descreve aquela região da cidade).

No papel ficaria difícil entender porque contar mais uma vez a situação de dois amigos e parceiros, que tem um pequeno barco que faz viagens do interior para Salvador, que se envolvem com uma mesma jovem e bonita prostituta. Tudo é muito fácil de prever, até mesmo a atração entre os dois amigos. Mais ainda o envolvimento que vão ter com a mulher, que inevitavelmente irá levar ao conflito, a briga e a possível tragédia (José Dumont tem uma ponta bem marcante, com um sujeito briguento com quem eles cruzam numa rinha de galos).

Na verdade, no momento de escrever ficam mais claras suas limitações do que ao assistir o filme, ainda sob o impacto da interpretação carismática e brilhante dos atores. O filme existe porque foi feito com os dois melhores atores jovens do momento, ambos baianos e antigos parceiros de palco e de set, ou seja, o fato de Wagner Moura e Lázaro Ramos se conhecerem tanto ajuda demais na composição dos tipos, no desenhar das situações.

O espantoso é que seria muito arriscado para qualquer atriz entrar no meio das duas feras, mais ainda quando se trata de uma jovem de pouca experiência como é o caso de Alice Braga, vista em "Cidade de Deus" e lembrada como sobrinha de Sonia Braga (mas a mãe dela Ana Maria Braga, não a apresentadora, também foi atriz e talentosa). Criando um tipo marcante, bem distante de sua própria personalidade, Alice não apenas impressiona, convence e perturba. Dá sentido ao triângulo. E força ao filme, que deve transformar Alice em estrela (ela já foi melhor atriz do Festival do Rio) e novas oportunidades ao diretor estreante (que antes foi roteirista de "Abril Despedaçado" e "Madame Satã").

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