Zuzu Angel (2006)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 01/01/2006

Nota 1

O público feminino foi quem mais se emocionou com este drama real, se identificando com o personagem vivido por Patrícia Pillar, por sua vez uma atriz de que o publico gosta. Até porque é realmente adorável.

Mas é sempre difícil fazer as pessoas se interessarem por histórias da época da ditadura. Além disso, é uma biografia de uma personalidade que pode ter sido ícone no Rio, mas é praticamente desconhecida fora dele, particularmente em São Paulo. Mesmo na época, quando ela foi assassinada, nós da imprensa só ficamos sabendo de detalhes (tudo era censurado e não podia ser publicado).

Particularmente eu freqüentava o Rio e cada vez que passava pelo túnel, me mostravam o lugar onde ela foi morta. Portanto é um velho e honroso projeto que a gente encara com toda simpatia, embora não seja realmente um novo "Olga" (isso é um elogio: não é telenovelesco, não tem aquela música excessiva e sem dúvida Patrícia Pillar não cai nas armadilhas que derrubaram Camila Morgado. Isso para não falar na falta de respeito com que o filme tratou o biografado).

Mas também não fez o mesmo sucesso (embora tenha ido razoavelmente bem). Ou seja, embora sério e bem intencionado, "Zuzu Angel" foi muito criticado, porque o diretor optou por uma narrativa acadêmica, tradicional. O filme foi salvo pelas mulheres (menos as muito jovens, as adolescentes) que se identificam com a figura da mãe coragem que enfrenta tudo e todos por amor ao filho. E também com Patrícia, que tem grande empatia (que nem suas incursões na política prejudicou).