Drama

Fôlego (2007)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 07/10/2008

Nota 1

MAIS

O novo filme do coreano Kim Ki-duk, mesmo diretor de "Primavera, Verão, Outono, Inverno...e Primavera", não decepciona. É curto, inteligente, inusitado, muito oriental, além de ser, por vezes, fascinante e obscuro.

Como sempre, ele usa uma narrativa muito direta, sem excesso de planos. Dá a impressão de que tudo foi previamente estudado e delineado em desenho de produção plano a plano, fazendo o espectador se envolver na história.

A heroína é Yeon (Ji-a Park), uma mulher casada que se impressiona com a história de um prisioneiro à espera da pena de morte e que mais uma vez tentou o suicídio (apenas mais tarde saberemos a causa). Aborrecida com as traições do marido, ela vai até a prisão e se apresenta como ex-namorada do condenado. Não há muita lógica nisso, mas por alguma razão, deixam a mulher entrar e encontrá-lo.

As visitas vão se tornando esporádicas a cada estação do ano e, progressivamente, os dois passam a se relacionar intimamente. O preso Jang Jin, interpretado por Chang Chen, um astro de Taiwan, vive numa cela branca estilizada, compartilhada com três companheiros, sendo que mantém relações sexuais com um deles.

A trama até aqui parece complicada, entretanto, fica ainda mais estranha quando parte para um enfoque poético, dando a visão oriental da morte e explicando a conotação do título do filme (a mulher conta que quando jovem quase morreu afogada numa brincadeira com as amigas para ver quem tinha mais fôlego. Mais tarde, como uma bruxa de fábula oriental, ela irá sugar esse fôlego do herói). Faz sentido? Não sei, talvez seja preciso entender um pouco de budismo e do ponto de vista ocidental de vida e morte.

Exibido em no Festival de Cannes de 2007, "Fôlego" me pareceu fascinante e perfeito como pauta de discussão com os amigos. Porém, confesso ser um pouco parcial, já que sou admirador do diretor.