UOL Entretenimento Cinema
 

Ficha completa do filme

Suspense,Drama

Os Demônios de Dorothy Mills (2008)

Resenha por Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Da redação 06/08/2010
Nota 3
Os Demônios de Dorothy Mills

Se pudesse haver um valor maior em ''Os Demônios de Dorothy Mills'' estaria na no retrato de uma comunidade doentia. Mas isso já vimos de forma mais bem sucedida em diversos filmes, incluindo o recente ''A Fita Branca'', de Michael Haneke. Dessa forma, o que sobra de fato neste filme dirigido por Agnès Merlet é a interpretação curiosa (antes de impecável) de Carice Van Houten (de ''A Espiã'', obra-prima de Paul Verhoeven).

A atriz interpreta uma psiquiatra que vai a uma comunidade isolada numa ilha para investigar uma menina que quase esgana um bebê, e tem o comportamento suspeito. Aos poucos descobre que as coisas não são tão simples assim (novidade, não?), e que estão além de suas possibilidades clínicas. Seu trauma, descobre também, encontra eco nos traumas de outros habitantes, só que eles não possuem sua delicadeza e dedicação ao trabalho e ao próximo, e por isso lidam com a situação de maneira perversa.

O filme foi vendido de maneira completamente equivocada, e é dever jornalístico esclarecer isso. Na capa, a inscrição: ''uma versão contemporânea de 'O Exorcista''', segundo uma matéria da Variety. Será que o sentido da matéria original fora preservado fora do contexto? Duvido. Ainda é saudado como ''uma história tão aterrorizante que ninguém se atreveu a contar''. Mas passa pela tangente dessas fórmulas propagandísticas. Poderia ser, na verdade, se melhor filmado, um interessante estudo sobre a hipocrisia e os preconceitos que corroem uma sociedade, por mais fechada a estímulos externos que ela possa ser: poucos podem sair de lá (''é como um imã'', diz um personagem), ligações com o continente são difíceis de se fazer, um forasteiro é invariavelmente mal visto a priori, muitos são os sinais de tentativa de refúgio do mundo, o que geralmente sai pela culatra, ao menos no cinema.

Outro problema é que o retrato da hipocrisia depende de explicações excessivas, que enfraquecem a atmosfera criada desde a primeira imagem, com os habitantes da comunidade assistindo a um sermão do padre com suas caras de plástico, assustadoras do jeito que aparecem na tela. Mas são raros os momentos em que essa atmosfera inicial se repete, o que é de se lamentar.

Compartilhe:

    Siga UOL Cinema

    Sites e Revistas

    Arquivo