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Ficha completa do filme

Drama

Vidas que se Cruzam (2008)

Resenha por Edilson Saçashima

Edilson Saçashima

Da redação 24/09/2010
Nota 3

"Vidas que se Cruzam" é a estreia de Guillermo Arriaga na direção. Ele ficou conhecido como o roteirista de "Amores Brutos", "21 Gramas" e "Babel", todos dirigidos pelo mexicano Alejandro González Iñárritu. A parceria bem-sucedida se desfez com uma briga pública sob o pretexto de uma falta de reconhecimento pelo trabalho de co-autoria. Assim, "Vidas que se Cruzam" vale como uma resposta de Arriaga ao suposto descrédito em relação ao seu papel nas produções. No entanto, ao assumir o roteiro e a direção do seu trabalho, o que fica aparente é a repetição de uma fórmula consagrada.

A ideia de conduzir histórias paralelas que se cruzam em um determinado momento é cara nos trabalhos assinados por Arriaga. A diferença em "Vidas que Cruzam" é que as tramas paralelas estão separadas não apenas no espaço, mas também no tempo.

Três histórias servem como referências para a trama: os encontros amorosos de amantes maduros (Kim Basinger e Joaquim De Almeida), a filha dela e o filho dele iniciando um relacionamento, uma mulher (Charlize Theron) com uma vida afetiva desequilibrada. Um acidente servirá como gatilho para iniciar o processo de entrelaçamento dessas histórias.

A aposta recai na tentativa de seduzir o espectador pela engenhosidade do roteiro em unir histórias aparentemente desconexas. Para que o efeito tenha impacto, Arriaga trabalha para que as histórias sigam desenvolvimento próprio e independente uma das outras. O problema é que, com isso, algumas seqüências parecem descartáveis. Seriam meras pistas falsas para distrair a atenção do espectador.

Arriaga consegue melhor resultado quando lança elementos sutis que revelam alguma conexão entre os personagens. O principal deles é o fogo, sugerido até no título original em inglês, "The Burning Plain" (algo como ?o terreno queimado?, em uma tradução livre). Em "Vidas que se Cruzam", o fogo serve como uma metáfora das marcas definitivas deixadas ao longo da vida. É o fogo que provocará a morte de um personagem e também servirá para deixar uma cicatriz em um casal apaixonado.

Mas "Vidas que se Cruzam" abre mão de propor leituras mais ricas para se contentar em repetir uma estrutura. É como se Arriaga descartasse desenvolver uma história apenas para tentar consolidar a sua imagem de autor com características próprias. Como diretor, Arriaga parece olhar para o espelho ao invés da câmera.

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