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13/05/2008 - 14h50

Um pouco de tudo, mas em Cannes quem manda mesmo é o cinema americano

ALICIA GARCÍA DE FRANCISCO
Redação Central, 13 mai (EFE)- Alguns toques de exotismo vindos da Ásia, uma gota de cinema independente húngaro, turco ou canadense e a atual cota latina obrigatória, com dois filmes da Argentina e dois do Brasil, tentam ocultar o domínio dos Estados Unidos na competição oficial do 61º Festival de Cannes.

Porque se algo se destaca na programação oficial da competição desta edição - de 14 a 25 de maio - é o peso do cinema americano, embora seus representantes não sejam dos mais comerciais.

De um lado, a qualidade contrastante de Clint Eastwood, que volta à Cannes com "The Exchange", em sua quinta participação sem nenhum prêmio até o momento.

Steven Soderbergh, em sua versão séria, levará sua imensa versão da vida de "Che", com cerca de 4 horas e 47 minutos, com um não menos grandioso Benicio Del Toro protagonizando. Ele tentará com essa produção recuperar o prestígio que Cannes lhe conferiu com a Palma de Ouro, de 1989, por "Sexo, mentiras e videotape".

"Palermo Shooting" será a proposta do sempre elegante Wim Wenders, um diretor muito apreciado em Cannes, que lhe concedeu a Palma de Ouro em 1984 por "Paris, Texas", estilo cinematográfico que contrasta com o comercial de James Gray ("Os Donos da Noite") com "Two Lovers".

Muito aguardada, a estréia de Charlie Kaufman (o aclamado roteirista de "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças" ou "Quero Ser John Malkovich") como diretor, "Synecdoche, New York", cuja produção já começa a ser considerada a melhor da mostra conta com Phillip Seymour Hoffman, Samantha Morton, Emily Watson, Catherine Keener e Michelle Williams.

Combatendo a enxurrada americana, muitas opções.

Quatro filmes latino-americanos: "La Mujer Sin Cabeza" de Lucrecia Martel, e "Leonera", de Pablo Trapero, ambas da Argentina, e os brasileiros "Linha de Passe", co-dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, e "Blindness", o esperado retorno à grande tela de Fernando Meirelles após "O Jardineiro Fiel".

O também responsável por "Cidade de Deus" (2002) será o encarregado de abrir o Festival na noite de 14 de maio com sua adaptação do difícil romance "Ensaio Sobre a Cegueira", do ganhador do prêmio Nobel de Literatura, o português José Saramago, que conta com um casal de peso no elenco: Julianne Moore e Mark Ruffalo.

Walter Salles, conhecido em Cannes por "Diários de motocicleta", co-dirige com Daniela Thomas (responsável por um dos episódios de "Paris Je t'aime") uma história sobre a "selva urbana de São Paulo".

E Lucrecia Martel retorna a Cannes, onde apresentou com sucesso "A Menina Santa" em 2004, enquanto Pablo Trapero traz um drama carcerário.

Mais próximo da sede do evento, a Itália apresenta "Il Divo", de Paolo Sorrentino, amante do cinema mais visual, e "Gomorra", de Matteo Garrone, uma das inúmeras histórias das facções da máfia napolitana.

Mais interessante a priori é "Üç Maymun", do turco Nuri Bilge Ceylan, que com "Uzak - Longínquo" (2002) deixou um gostinho no público e na crítica e ganhou o Grande Prêmio do Júri de Cannes, e com "Iklimler" conseguiu o FIPRESCI em 2006.

E, já que estamos em Cannes, não podia faltar o cinema francês, com três obras: "Un conte de Noël", de Arnaud Desplechin; "La Frontiere de L'aube", de Philippe Garrel, e "Entre les Murs", de Laurent Cantet.

Embora não seja francês de nacionalidade, e sim de idioma, o último dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, "Le silence de Lorna", ameaça ser outro desses dramalhões aos quais nos acostumamos.

Atom Egoyan colocará seu toque inconformista com "Adoration", e "Waltz with Bashir", do israelense Ari Folman, cobre a representação do cinema de animação e de conflitos do Oriente Médio.

"Er Shi Si Cheng Ji", do chinês Zhangke Jia; "My magic", de Eric Khoo (Cingapura); "Serbis", de Brillante Mendoza (Filipinas) e "Delta", de Kornel Mundruczo (Hungria), completam os 22 filmes em competição pela Palma de Ouro.

Um punhado variado de filmes que podem agradar o eclético júri, presidido pelo ator americano Sean Penn, e com, entre outros, Alfonso Cuarón, Natalie Portman e Marjane Satrapi.

Uma competição oficial que terá que lutar para atrair a atenção do público e da imprensa perante uma extensa programação em suas diferentes seções, desde "Un Certain Regard" (Um Certo Olhar), à "Quinzena dos Produtores", passando pelo cinema clássico e pelos curtas-metragens, ou pelos candidatos ao estrelato que passearão sem dúvida pela Croisette.

Sem esquecer a midiática presença de estrelas em evidência como Madonna, que levará um documentário sobre a aids em Malauí, ou em declive, como Maradona, com outro documentário, neste caso sobre ele mesmo, assinado por ninguém menos que Emir Kusturica.

E como cereja do bolo, a estréia do mais recente filme de Woody Allen, com um trio que está em evidência - Javier Bardem, Penélope Cruz e Scarlett Johansson - e o tão aguardado "Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull" (Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal), o quarto filme da saga do arqueólogo e aventureiro, que ameaça transformar Cannes na arca perdida, no templo maldito, na última cruzada ou em um pouco de todas elas.

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