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20/05/2008 - 12h35

"Não fossem as besteiras que fiz, Pelé não chegaria nem a 2º jogador do mundo'', ataca Maradona

THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, de Cannes
Nada de Angelina Jolie ou Harrison Ford. A maior estrela de Cannes para a imprensa até agora foi o argentino Diego Maradona. Ele é o astro do documentário "Maradona por Kusturica" (le-se Kusturitza), realizado pelo diretor sérvio Emir Kusturica, grande fã de futebol, que já venceu duas Palmas de Ouro em Cannes.

Christine Poujoulat/AFP Photo
Maradona divulga documentário que será exibido em sessão especial
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Ao fim da coletiva com o jogador e o cineasta, os jornalistas penduraram-se sobre a bancada de microfones atrás de um autógrafo do jogador. No corredor de saída, também houve recorde de fãs e fotógrafos, que gritavam seu nome como nenhum outro.

Maradona respondeu às perguntas com seu jeito "marrento", muito na defensiva. O momento mais polêmico veio quando um jornalista citou a declaração recente feita por Pelé de que, por tudo o que o argentino fez, todos os seus prêmios deviam ser pegos de volta. "Se eu não tivesse feito as besteiras que fiz na vida, Pelé não teria chegado nem a segundo melhor jogador do mundo", atacou Maradona. "Ele é uma pessoa que negocia tudo, inclusive sua popularidade. E se há uma coisa que não se negocia é o carinho dos fãs".

O argentino também comentou a situação de Ronaldinho Gaúcho. "Ronaldinho é um ótimo rapaz e excelente jogador. Está acontecendo com ele o mesmo que aconteceu comigo anos atrás. O Barcelona vai negociar seu passe e depois vai se arrepender, porque ele vai massacrar o ex-time nos próximos campeonatos", profetizou.

Deus vivo

Na coletiva, Kusturica confirmou toda a admiração por Maradona que transparece no filme. O cineasta não o vê apenas como um grande jogador, mas quase uma divindade. "Eu e ele somos muito parecidos, seres dionisíacos. O caos faz parte de nossas vidas e energias mais do que o lado racional, somos parte de um certo mundo antigo", respondeu num tom mitológico. E ainda foi além: "Maradona tem um poder para influenciar as pessoas que nunca tinha visto antes. Se ele tivesse nascido no ano 0 de nossa era, consigo imaginá-lo arrebanhando fiéis com seu carisma".

No documentário, além de retratar a carreira meteórica e o mergulho nas drogas de Maradona, Kusturica abre espaço para o jogador destilar suas opiniões sobre o governo argentino, Bush e outros temas atuais. "Me identifico com a importância histórica que Maradona tem em todo o mundo".

Ao final, Kusturica concorda com o "amigo" argentino sobre Pelé. "Ele foi muito bom no futebol, mas seu lado pessoal não me interessa. Maradona sempre foi mais generoso em abrir sua vida ao público".

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