Matheus Nachtergaele exibiu hoje em Cannes "A Festa da Menina Morta", sua estréia na direção de cinema. A sessão foi na sala Debussy, a segunda maior do Palácio dos Festivais, tradicionalmente reservada à mostra "Um Certo Olhar". A recepção foi boa, mas discreta para uma sala repleta de amigos.
O cinema brasileiro estava presente em peso. Os irmãos-produtores Caio e Fabiano Gullane, a diretora Lais Bodanzky, os diretores da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, Renata Almeida e Leon Cakoff.
Ao contrário das sessões da mostra competitiva, em "Um Certo Olhar" o filme é apresentado pelo diretor e sua equipe. Além de Matheus e parte do elenco, a produtora Vania Catani estava presente. Ela se disse contente de estrear o filme na paralela."Estou feliz de mostrar um pedacinho desse maravilhoso e ao mesmo tempo terrível país que é o Brasil", disse Matheus.
Antes da sessão, o ator e diretor reproduziu no palco uma rotina de diária da equipe durante as filmagens em Barcelos,cidade a 36 horas de barco de Manaus, no Amazonas. Pediu um minuto de silêncio para "concentração".
"A Festa da Menina Morta" é um grande primeiro filme. O início tem cenas muito teatrais, mas em seguida a história engrena e o espectador vai entrar nela.
O filme começa com um homem recebendo de um cachorro os trapos de uma menina que morreu na floresta. É Daniel de Oliveira, que por causa do episódio se torna uma espécie de profeta local, um líder religioso. Juliano Cazarré, que faz o papel do irmão da tal menina, é o antagonista, e acha tudo aquilo uma falácia.
Chega a noite da festa. A menina morta faz uma revelação. O profeta de Daniel de Oliveira fala da "dor". "Nós precisamos entender a dor", diz ele. É quando entendemos a importância da religião para essa comunidade.
Matheus disse que uma de suas principais influências para fazer "A Festa da Menina Morta" foi o cinema do diretor Claudio Assis. Justamente por isso, é difícil imaginar como irá se comunicar com o público estrangeiro, mais acostumado a uma visão mais lírica do Brasil.