Cannes (França), 22 mai (EFE) - A cantora Madonna aproveitou sua fama para fazer hoje, no Festival de Cannes, um apelo a favor das crianças pobres de países em desenvolvimento e, especialmente, dos órfãos em decorrência da aids em Malauí.
Madonna está em Cannes acompanhada de seu marido, Guy Ritchie, para apresentar o documentário "I am because we are", que foi exibido quarta-feira à noite em uma sessão privada na mostra.
A atriz escreveu o roteiro do documentário e é a encarregada de narrar a situação na qual vivem em Malauí as crianças que ficaram órfãos após seus pais terem morrido por causa da aids.
Muito consciente dos problemas da infância em Malauí - adotou neste país seu filho David, de 2 anos e meio-, a cantora viajou para a nação para elaborar o documentário.
"Fui a Malauí para salvar a vidas de crianças, mas a surpresa foi que essa viagem mudou a mim, sofri uma evolução", afirmou a cantora, com um discreto vestido de flores roxo.
Ela acrescentou que se alguém quer mudar o mundo, "é preciso mudar você mesmo".
Madonna, que colabora com a organização Raising Malawi, insistiu em que "não custa nada mudar a vida dos demais. Só US$ 10 ou um mosquiteiro. Todos podemos fazer muito".
Questionada sobre sua experiência com a adoção de seu filho, a cantora lamentou a excessiva burocracia e, sobretudo, a reação negativa que houve quando a adoção veio a público.
A adoção de David Banda por Madonna e Ritchie em outubro de 2006 causou uma enorme polêmica pelos boatos de que, graças a sua fama e riqueza, tinham conseguido acelerar os trâmites, o que fez com que organizações de direitos humanos adotassem medidas legais para esclarecer o procedimento.
"Fiquei muito mal", afirmou Madonna, que acrescentou que foi inclusive acusada de ter seqüestrado a criança, a qual adotou quando tinha poucos meses de vida.
Talvez por isso, apesar de ela ter afirmado hoje que não pretende justificar o processo de adoção, a cantora tenha começado a ajudar essa organização humanitária que assiste aos menores de Malauí e está envolvida com um centro para facilitar as adoções.
E afirmou que faz isso unicamente para "que seja mais fácil para outras pessoas adotar crianças".
A atriz, em sua faceta mais solidária, disse que em suas viagens a Malauí aprendeu que as pessoas "são iguais" em todas as partes.
E que, apesar de o acompanhamento dos malauianos ser palpável, também era sua alegria. "Temos muito que aprender".
Além disso foi chocante para ela voltar à Europa e ver como todo o mundo se queixa, toma antidepressivos, "e pergunto quem tem razão e quem precisa de ajuda".
Perante estas afirmações, uma jornalista perguntou à diva como poderia combinar viagens e projetos solidários e a vida em Malauí com estar em Cannes, hospedada em um hotel de luxo, no qual ordenou que fossem instalados aparelhos de ginástica.
Sem se alterar, considerou "importante ver os extremos do mundo" e insistiu em sua mensagem de que em todas partes as pessoas têm os mesmos problemas.
Madonna disse que, se faltasse quatro minutos de vida (em alusão a seu último sucesso, "4 minutes"), os passaria com Justin Timberlake, para depois, mais séria, dizer que ficaria com seus filhos.
Além da apresentação do documentário, Madonna aproveitará sua estadia em Cannes para participar, esta noite, junto a Sharon Stone, de uma cerimônia para arrecadar fundos para a Fundação para a Investigação da Aids dos EUA (AMFAR).
Entre os lotes que serão leiloados está um Porsche 911 Targa, vermelho, de 1976 e procedente da coleção pessoal de Sharon Stone, vice-presidente da Fundação, segundo os dados fornecidos pela organização.