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24/05/2008 - 14h00

"O cinema digital permite criar melhor o sonho do cinema", defende Wim Wenders

THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, em Cannes
Ao apresentar na competição o seu mais recente filme, "The Palermo Shooting" (Ensaio de fotos em Palermo), o alemão Wim Wenders ergueu a bandeira do cinema digital. Diretor de grandes filmes como "Asas do Desejo" e "Paris Texas", ele filmou sua última obra em película, mas depois o tranferiu para digital, sistema com o qual inseriu 180 efeitos especiais em suas imagens.

Christian Hartmann/Reuters
"The Palermo Shooting", de Win Wenders, homenageia Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni
FOTOS DO DIA 24/5
"O cinema digital enriquece a paleta do artista, suas possibilidades criativas, permite criar melhor o sonho do cinema", defendeu. No filme, um fotógrafo tira sem querer uma foto da morte e passa a ser perseguida por ela - no caso ele, Frank, vivido por Dennis Hopper. É o personagem de morte que faz um discurso contra o cinema digital ao final do filme.

"É natural que a morte, ou Frank, odeie o digital. Ele crê que o ato de fotografar é unico, não pode se repetir, mas o digital já acabou com isso, já estamos vivendo em outra era. Frank está bravo porque não se usa mais o negativo, e a morte nada mais é do que o negativo da vida", brincou.

Wenders também teceu um bonito elogio ao festival: "O cinema tem um coração, e esse coração bate uma vez por ano em Cannes. Seria estranho não apresentar meu filme aqui".

Propaganda de automóvel

Ao filmar "The Palermo Shooting", Wim Wenders quis prestar uma homenagem aos dois mestres mortos no ano passado, Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. A influência de Bergman e seu "O Setimo Selo" é clara: o fotógrafo tem o seu caminho cruzado pela morte, e todo o filme conduz ao confronto final entre o mortal e o senhor que pode tirá-lo a vida. Já a influencia de Antonioni e "Blow Up - Depois Daquele Beijo" não passam de referência vaga: a imagem persegue o fotógrafo, mas não há nada de Antonioni no cinema de Wenders.

Pelo contrário, o filme todo lembra um comercial de automóvel, com esse fotógrafo de moda bonito e fashion que vai parar nas paisagens de cartão postal de Palermo e aos poucos descobre com a morte o sentido da vida - e o amor com uma bela italiana (Giovanna Mezzogiorno). Tudo é muito belo no sentido cosmético, mas o cinema de Wenders perdeu sua verdade há muito tempo.

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