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24/04/2009 - 16h06

Festival de Cannes quer exibir 5 primeiros minutos dos filmes em seu site

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL
  • AP

    Gilles Jacob durante o anúncio dos competidores do Festival de Cannes de 2007 (19/04/2007)

Por essa ninguém esperava. Em carta que precede a lista de filmes anunciados para o Festival de Cannes deste ano, o presidente do evento, Gilles Jacob, declarou a sua intenção de abrir o site do festival para exibir os 5 minutos iniciais dos fimes programados na seleção oficial do evento, na época de sua estreia nos cinemas (estreia na França, supõe-se). Nenhum diretor ou distribuidor é obrigado a fazê-lo, mas Jacob está oferecendo essa possibilidade, já que o site acaba de ser reformulado visualmente e está hospedado em um provedor de banda larga de grande capacidade.

"Não me lembro se foi Altman ou Renoir que dizia que os grandes diretores atingiam a sua melhor forma na primeira e na última bobina do filme. Esperamos que o internauta deixe um pouco de lado seus videogames e game-boys e fique tentado a correr ao cinema mais próximo para descobrir o resto do filme".

No restante do editorial, Jacob reflete profundamente sobre os atuais impasses do cinema de autor, acreditando que vivemos um período de indefinição do futuro. "Claro que há as datas ligadas aos avanços tecnológicos: a chegada do cinema falado, a cores, o cinemascope, a película de 70mm, o 3-D, cinerama, IMAX, vídeo, o cinema digital, a internet, o novo 3-D... Mas o que aconteceria se uma era terminasse sem que a era seguinte já se anunciasse no horizonte? A julgar pelas últimas notícias, o cinema militante, original e singular que nós amamos seria dado como morto pelos legistas do pensamento único".

O presidente do festival mostra-se muito preocupado com o futuro do cinema de autor, mas não deixa de incluir no seu texto grandes doses de ironia inteligente. "Segundo alguns, o cinema de autor não teria mais espectadores e estaria em vias de extinção. Somente sobreviveriam alguns autores financiados pelo Estado. Se Abel Gance (diretor do clássico "Napoleão") estivesse vivo hoje, se refugiaria nas histórias em quadrinhos. Fritz Lang, Pabst e Dreyer estariam criando jogos de videogame, Orson Welles refaria 'A Guerra dos Mundos' no rádio por falta de dinheiro para fazer filmes. Godard teria feito a vida inteira o que faz hoje, jogar tênis em duplas com seus três professores".

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