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14/05/2009 - 09h34

"'Tetro' é o 'Poderoso Chefão' sem tiros e punhaladas", diz Coppola sobre seu novo filme

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
Francis Ford Coppola mostrou hoje em Cannes que continua o poderoso chefão do cinema. Os jornalistas correram para ver a primeira sessão de seu mais novo filme, "Tetro", esvaziando a sessão da competição oficial (o filme inglês "Fish Tank"). Ao final da sessão, foi ovacionado pelo público ao subir ao palco.

Filmado na Argentina em preto-branco, com poucas sequências em cores, "Tetro" é uma viagem autobiográfica de Coppola, uma história de família com relações tensas e revelações bombásticas. O jovem Bennie (o estreante Alden Ehrenreich, muito parecido com Leonardo DiCaprio) viaja a Buenos Aires para encontrar o irmão, Tetro (Vincent Gallo), que se desligou da família para escrever uma peça que não quer publicar.Bennie volta para por o dedo na ferida, vasculhar os escritos do irmão e trazer verdades à tona, como a morte da mãe de Tetro em um acidente de carro e o verdadeiro papel do pai, Carlo Tetrocini (Klaus Maria Brandauer), na família. Completam o elenco as espanholas Carmem Maura (como uma misteriosa diretora de um festival de teatro) e Maribel Verdú, de "E Sua Mãe Também" (como a mulher de Tetro).

"É o 'Poderoso Chefão', mas sem as centenas de tiros de revólver, rajadas de metralhadora e facadas", brincou Coppola. Como no filme, o cineasta é filho e sobrinho de grandes músicos eruditos. "Nada que está no filme aconteceu na minha vida e, no entanto, tudo é verdadeiro", respondeu, sobre as fortes tintas autobiográficas. Dos 28 longas que dirigiu, este foi apenas o terceiro escrito pelo próprio diretor - os outros foram "A Conversação" e "Caminhos Mal Traçados" (The Rain People).

  • Reuters

    Maribel Verdu (e), Coppola (c) e Aldin Ehrenreich (d) no primeiro dia do Festival de Cannes

Coppola também falou sobre a polêmica decisão de abrir a mostra paralela Quinzena dos Realizadores em Cannes. "Os organizadores da seleção oficial me ofereceram uma sessão de gala fora da Competição, e respondi o mesmo que disse na época de 'Apocalypse Now'. Se estou com um filme, quero competir. Não me interessa apenas a gala, vestir um terno, chegar numa limusine e estar com os VIPs. Se era assim, preferi abrir uma mostra paralela, que tem o mesmo espírito independente com o qual este filme foi feito", comentou.

O diretor, que acaba de completar 70 anos, revelou curiosidades sobre as escolhas dos papéis. Sua primeira opção para o papel de Tetro era Matt Dillon, que trabalhou com o diretor em "O Selvagem da Motocicleta" - mas o ator não podia passar quatro meses filmando na Argentina. Javier Bardem o procurou interessado em trabalhar com Coppola, e este lhe ofereceu o papel do crítico e diretor do festival de teatro. Com a vitória no Oscar, Bardem engatou outros projetos e teve que recusar o papel. Com isso, o diretor transformou o personagem em mulher e o ofereceu a Maura. "O personagem cresceu e tornou-se mais interessante",

Coppola ainda comentou sobre o costume de trabalhar em família - o filho Roman Coppola foi assistente de direção em "Tetro". "Não gosto de me separar deles, e como as filmagens tomam muito tempo, levo todos comigo. Minha mulher Eleanor foi comigo até as Filipinas para filmar 'Apocalypse Now'. Quando percebi que estava entediada, dei-lhe uma câmera 16 mm para ela filmar e ajudar a passar o tempo".


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