Por James Mackenzie
CANNES (Reuters) - O filme mais recente de Jane Campion, em exibição no Festival de Cinema de Cannes, retrata a paixão entre o poeta romântico John Keats e sua amada de adolescência Fanny Brawne, mas não é uma cinebiografia, disse a diretora neozelandesa.
"Bright Star" traz Campion, 55 anos, de volta ao festival de cinema onde ela ficou famosa em 1993 com "O Piano", outro romance do século 19 que lhe valeu a Palma de Ouro de Cannes e três Oscar (roteiro original, atriz para Holly Hunter e atriz coadjuvante para Anna Paquin), no mesmo ano.
Dizendo estar "empolgada e temerosa" por estar voltando a Cannes, onde ainda é a única mulher a já ter ganho o grande prêmio da competição, Campion falou que se esforçou para evitar os clichês que podem roubar a essência de muitos filmes de época.
O filme inclui imagens coloridas e belas como as que marcaram os filmes anteriores da diretora, além de performances muito naturais do elenco, incluindo os dois protagonistas: a atriz australiana Abbie Cornish como Fanny e o britânico Ben Whishaw como Keats.
"O importante foi contar uma história muito íntima e não destacar o fato de ser um filme de época", disse ela em coletiva de imprensa após a primeira sessão do filme na sexta-feira, em que "Bright Star" foi recebido com entusiasmo.
"Esta não é uma cinebiografia. É uma história inspirada na história de Keats e Fanny, contada desde o ponto de vista de Fanny. É uma história de amor."
Keats ainda lutava para firmar seu nome como poeta quando conheceu Fanny Brawne, em 1818. A relação entre eles se aprofundou no ano seguinte, quando ele se mudou para a casa ao lado da residência da família dela, em Hampstead, uma vila de Londres, e os dois se apaixonaram perdidamente.
Nos poucos anos que passaram juntos até a morte dele, aos 25 anos de idade, Keats escreveu alguns de seus maiores poemas, incluindo "Ode to a Grecian Urn" e "Ode to a Nightingale", além de cartas de amor nas quais Campion se inspirou para fazer o filme.
Campion disse que adora a poesia de Keats, mas que se encantou igualmente com a figura de Fanny Brawne, que, quando ela e Keats primeiro se conheceram, era uma adolescente mais interessada em roupas e costuras que em poesia.
"Me apaixonei por Fanny, tanto quanto por Keats", disse Campion, mas acrescentou que "morreu de medo" de dar voz a uma jovem espirituosa e animada cujas cartas a Keats foram queimadas pelo poeta.
"Ela era famosa por seus chistes. Era muito espirituosa, e eu não sou", disse Campion, revelando que, para criar a personagem de Fanny, se inspirou na vivacidade de sua própria filha de 13 anos, Alice.