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15/05/2009 - 13h02

Jane Campion em busca da segunda Palma de Ouro com 'Bright Star'

CANNES - A neozelandesa Jane Campion, única mulher premiada com a Palma de Ouro até o momento, volta a competir em Cannes com "Bright Star", filme sobre a vida do poeta John Keats, rodado com o que foi definido de grande virtuosismo não isento de certa frieza.

Campion, vencedora em Cannes em 1993 com "O Piano", desta vez leva o espectador à Inglaterra do início do século XIX, em uma história repleta de romantismo, da qual Keats, morto de tuberculose aos 25 anos de idade, é uma figura essencial.

O filme narra os amores do poeta com Fanny Brawne, sua jovem vizinha, com quem se comprometeu mas não chegou a se casar, porque a doença o obrigou a se mudar para a Itália, onde morreu em 1821. Seu título "Bright Star" é o de um dos poemas de Keats.

O romantismo impregna o longa metragem, ritmado pelos versos e pelos textos das cartas enviadas por John Keats à amada. A narrativa, considerada totalmente clássica, transcorre com absoluta fluidez. A contextualização também é vista como perfeita: a vida familiar, os preconceitos, o papel das mulheres, relegadas às atividades domésticas e as relações sociais estreitamente marcadas por uma rígida moral puritana.

As imagens são consideradas de grande beleza plástica, assim como a atuação do elenco, "impecável" (liderado por Abbie Cornish no papel de Fanny e Ben Whishaw no de Keats).

No entanto, o filme peca pelo distanciamento excessivo. A paixão não chega ao espectador, que contempla a história de longe, sem entrar nela. Aquele que se emocionou lendo versos de Keats se surpreende quando o filme não arranca dele uma só lágrima pela morte do grande poeta nem pela dor desesperada de sua amante.

"Bright Star", não é um "filme biográfico". "É uma história inspirada" na história de Keats e Fanny, "contada do ponto de vista de Fanny", declarou Jane Campion na entrevista coletiva à imprensa.

"O importante para mim era contar uma história íntima", e que esta ficasse "fora do tempo, sem considerar que é contada em um filme de época", disse.

A tonalidade da competição sofreu um giro de 180 graus com o segundo filme apresentado nesta sexta-feira na competição pela Palma de Ouro, "Thirst" do coreano Park Chan-wook, premiado em 2004 com o grande prêmio do júri deste festival por "Old boy".

"Thirst" é um conto cruel e barroco em que a trama tenebrosa é salpicada por peripécias alucinadas.

O longa conta a história de um sacerdote coreano (Song Kang-Ho) que se oferece como voluntário para avaliar na África a eficácia de uma vacina contra um vírus mortal.

A personagem fica doente, mas uma transfusão de sangue de origem misteriosa o salva, embora o transforme em vampiro.

Depois disso, ele se apaixona pela esposa de um amigo de infância, que se transforma em vampiro para se vingar do marido que a maltratava.

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