Os jornalistas bem que tentaram, mas Martin Scorsese se recusou a falar sobre seu novo filme, "Sinatra", cinebiografia do cantor e ator americano Frank Sinatra (1915-1998).
"Me desculpem, mas não quero falar sobre isso. É um projeto no qual trabalho há muitos anos, e o estúdio (Universal) considera que ainda não é o momento de falar publicamente sobre ele. Estamos aqui para falar de outra coisa", respondeu.
A "outra coisa" é o World Cinema Foundation, fundação para a recuperação e restauro de filmes antigos presidida por Scorsese. Em Cannes, a WCF veio anunciar novas parcerias: com a The Auteurs, arquivo virtual de filmes antigos que pode ser acessado via internet (
www.theauteurs.com), e o B-Side, provedor de internet que trabalha com arquivos digitais para cinema.
"Já restauramos nove filmes e temos mais dois em processo, mas todo esse trabalho não adianta se não conseguimos mostrar esses filmes depois ao maior número possível de pessoas. E isso está cada vez mais difícil de fazer nos cinemas, seja nos Estados Unidos ou no resto do mundo", declarou Scorsese, que se confessa um pessimista quando o assunto é o espaço para filmes clássicos no mundo. Pelas suas contas, 90% dos filmes americanos da época do cinema mudo estão perdidos, além da versão integral de filmes importantes como "Ouro e Maldição" (Greed - 1924), de Eric von Stroheim.
"Limite" restauradoUm dos filmes em restauro é o clássico brasileiro "Limite" (1931), de Mario Peixoto, que, segundo Scorsese, deve ficar pronto até o final do ano.
Três filmes restaurados pelo WCF serão exibidos na mostra Cannes Classics este ano, incluindo "Redes" (1936), filme dirigido por Fred Zinnemann no México em sua fase pré-Hollywood - nos EUA, ele faria depois clássicos como "Matar ou Morrer" (1952).
A WCF anunciou que, a partir da próxima semana, disponibilizará quatro filmes de seu acervo gratuitamente online por meio de seu site (www.worldcinemafoundation.org). Os títulos ainda não foram divulgados.