Por Mike Collett-White
CANNES (Reuters) - O diretor Ang Lee, vencedor do Oscar, invoca o otimismo do final da década de 1960 em um filme tocante baseado na história verdadeira de Elliot Tiber, que ajudou a organizar o legendário concerto Woodstock.
Em "Taking Woodstock", imagens da imprensa e a presença no elenco do problemático veterano da Guerra do Vietnã Billy, interpretado por Emile Hirsch, são memórias da violenta cortina de fundo do evento.
Mas eles mal aparecem em um filme que é positivo, no qual Lee tenta capturar o que chamou de "o último momento de inocência", em um contraste com suas recentes produções "O Segredo de Brokeback Mountain" e "Desejo e Perigo", ambas tragédias.
"Eu estava ansiando para fazer uma comédia/drama novamente sem cinismo", afirmou Lee a repórteres neste sábado, no Festival de Cannes, onde "Taking Woodstock" está na briga pelo prêmio principal.
"Para mim, 69...é uma ideia glorificada, uma imagem romântica do final dos anos 60, o último pedaço de inocência que tivemos, pelo menos na minha mente", afirmou o taiuanês de 54 anos. "Para mim é a inocência de uma jovem geração deixando os costumes antigos e tentando achar uma maneira de viver mais nova, mais justa com todo mundo."
"Você tem que dar àquele meio milhão de crianças o crédito de termos verdadeiramente três dias de paz e música. Nada de violento aconteceu. Eu não sei se isso aconteceria hoje", acrescentou.
Cerca de 500.000 fãs apareceram em agosto de 1969 para escutar artistas como Janis Joplin, The Who e Jimi Hendrix em uma fazenda pertencente ao vizinho de Tiber, Max Yasgur.
"Taking Woodstock", que é baseado nas memórias de Tiber, será lançado nos cinemas no fim de semana do 40o aniversário do concerto.
POR TRÁS DO PALCO
Em vez de recriar o evento, o filme segue Tiber, sua família e amigos da cidade de Bethel enquanto eles se preparavam para abrigar um evento que se tornaria um dos maiores e mais importantes da história do rock.
Uma série de artistas realizam performances que invariavelmente terminaram com todos nus no palco, enquanto os pais de Tiber, que administram o periclitante hotel El Monaco, trabalham dia e noite para faturar devido ao repentino fluxo de pessoas que chegam à porta de entrada do estabelecimento.
Os atores britânicos Henry Goodman e Imelda Staunton são os pais judeus de Tiber, que reagem muito diferentemente aos novos e estranhos executivos do mundo da música, hippies, freqüentadores e uma ex-fuzileira naval chamada Vilma, interpretada por Liev Schreiber.
O personagem de Staunton não consegue deixar o seu passado para trás. "Eu interpreto alguém que não consegue mudar, e durante toda a história e o concerto e o documentário, e agora no filme, está mostrando como a mudança pode acontecer", afirmou Staunton.
Tiber, o personagem central interpretado pelo comediante Demetri Martin, liberta-se de sua mãe opressora para descobrir sua própria sexualidade.
Apesar da homenagem feita ao espírito do amor livre e das entradas livres, todos estão envolvidos, de Yasgur a locais que cobram para encher as garrafas dos presentes no festival.
O evento foi capturado por um documentário de Michael Wadleigh, de 1970, que ganhou um Oscar. Lee reconheceu a influência da obra em "Taking Woodstock" e o escritor James Schamus afirmou que espera que o filme encoraje as pessoas a assistirem ao trabalho anterior.