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16/05/2009 - 16h05

"Woodstock foi nosso último período de inocência", diz cineasta Ang Lee

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
O cineasta taiuanês Ang Lee deu hoje à tarde a melhor entrevista coletiva até agora no Festival de Cannes. Ele veio falar sobre seu filme em competição, "Taking Woodstock", sobre o famoso festival de música de 1969.

  • REUTERS/Jean-Paul Pelissier

    Ang Lee observa a atriz Imelda Staunton durante entrevista coletiva de "Taking Woodstock"


"Woodstock foi o último período de inocência de nossas vidas. Não era preciso estar lá, bastava o efeito simbólico do evento. Era chamado de hippie como algo pejorativo, mas as pessoas esquecem que isso foi apenas uma parte da coisa. Em Woodstock tocou-se o melhor rock de todos os tempos, criou-se uma nova maneira de lidar com o establishment e a autoridade, as pessoas descobriram novas formas de amor, fraternidade e harmonia com a natureza. Não era só sexo, drogas e rock'n'roll, como se diz até hoje", discursou o diretor de "Hulk" e "Brokeback Mountain".

Lee brincou ao falar sobre o tom leve do novo filme. "Depois de seis tragédias, já estava na hora de voltar aos filmes cômicos e mais leves. Quero muito fazer outras comédias no futuro. É um gênero mais difícil de trabalhar, porque se você não faz a plateia rir, falhou como diretor. No drama, você sempre pode culpar o público dizendo que ele não entendeu o filme".

Estar em Cannes é um desafio para Lee. Ele é o único diretor que já ganhou dois Ursos de Ouro no Festival de Berlim - por "O Banquete de Casamento" e "Razão e Sensibilidade" - e dois Leões de Ouro em Veneza - por "Brokeback Mountain" e "Desejo e Perigo". Em Cannes, onde concorreu em 1997 com "Tempestade de Gelo", nunca levou prêmio. "Não tenho nenhuma expectativa, 'I just go with the flow' (deixo a vida me levar). Só estou ansioso para ver como será a sessão de gala e a reação do público hoje à noite".

Emile Hirsch, que no filme interpreta um ex-combatente do Vietnã que vai ao festival, lembrou que nem era nascido à época - ele tem 24 anos. "Tinha um certo nojo quando meus pais me contavam que não tomavam banho nos anos 60. Só depois fui descobrir que era uma época em que as pessoas tinham a mente muito mais aberta, e confiavam mais umas nas outras".

A britânica Imelda Staunton, que interpreta a hilária mãe do protagonista, brincou sobre a cena em que come bolo de maconha e fica fora de si. "Só tive que usar a minha memória - ops, digo, minha imaginação...".

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