O astro Jim Carrey e o diretor Robert Zemeckis ("De Volta para o Futuro", "Forrest Gump") vieram hoje a Cannes apresentar trechos de seu novo filme em 3D, "A Christmas Carol" (Um Conto de Natal), baseado na obra de Charles Dickens, em um evento promocional dos estúdios Disney fora da programação oficial do festival. A imprensa tinha que passar por um longo corredor azul com névoa no hotel Carlton, onde também foi instalada uma gigantesca árvore de Natal fora de época.
O filme tem a mesma técnica de "motion capture" utilizada em "A Lenda de Beowulf" - primeiro filma-se os atores, e em seguida acrescentam-se uma máscara digital e efeitos. No elenco, estão Gary Oldman, Bob Hoskins, Colin Firth e Robin Wright Penn.
Duas cenas foram mostradas à imprensa, com o uso dos óculos 3D: a primeira conversa entre o velho avarento tio Scrooge (Jim Carrey) e seu sobrinho (Colin Firth, de "O Diário de Bridget Jones"); e a visita de um tenebroso fantasma, um falecido sócio de Scrooge que agora vive no inferno. Ótimas cenas, que valorizam a atuação ranzinza de Carrey. Em termos de tecnologia, porém, nada muito novo, a não ser pelo efeito 3D e pelo talento de Carrey - em "Beowulf", todo o elenco era muito apático.
O filme será lançado a partir de novembro nos cinemas 3D e IMAX, possivelmente também com cópias tradicionais em 2D. Zemeckis não confirma, mas a antecipação da estreia em relação ao Natal pode ter a ver com outra estreia de peso em cinemas 3D no final do ano - o aguardado "Avatar", o primeiro filme de James Cameron desde "Titanic".
Jim Carrey explicou que foi preciso treinar a expressão de seu rosto cadavérico antes que se acrescentassem a maquiagem e os efeitos digitais. "O melhor desse tipo de animação é que o ator não trabalha só na dublagem, é uma performance completa".
O ator brincou sobre o fato de vir a Cannes com dois filmes tão diferentes - o outro é a comédia gay independente "I Love You Phillip Morris", com Ewan McGregor e Rodrigo Santoro, que está na mostra Um Certo Olhar. "Para quem ficou conhecido pelo traseiro, até que cheguei longe", disse, sobre uma famosa cena da comédia "Ace Ventura", seu primeiro sucesso.
O diretor Robert Zemeckis negou haver uma competição entre ele, James Cameron e Peter Jackson quanto ao pioneirismo do cinema digital. "Essa nova tecnologia é como um gênio que acaba de sair da garrafa, estamos todos explorando. Mas o cinema não é como uma geladeira, que as pessoas compram apenas uma vez a cada um ou dois anos. Se um de nossos filmes é bom, isso dá mais vontade no espectador de ver os outros. Só temos a ganhar".