Por Mike Collett-White
CANNES (Reuters) - O cineasta espanhol Pedro Almodóvar rende homenagem ao cinema e a sua musa Penélope Cruz em "Los Abrazos Rotos" (Os Abraços Partidos), filme sobre um diretor que tem um caso de amor com sua atriz principal.
A quarta colaboração de Almodóvar com Cruz, o filme, que faz parte da competição principal no Festival de Cinema de Cannes, recorda o cinema noir, as comédias clássicas e as grandes atrizes do cinema do passado.
Ele inclui uma cena de "Viagem à Itália", de Roberto Rossellini, com Ingrid Bergman e George Sanders, e o filme dentro do filme remete ao sucesso de 1988 do próprio Almodóvar "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos".
"Acredito plenamente que o cinema pode tornar a vida mais perfeita", disse o ganhador do Oscar a jornalistas na terça-feira, depois de "Os Abraços Partidos" ser aplaudido calorosamente na sessão em que foi exibido para a imprensa.
Penélope Cruz faz Lena, uma secretária que se vê num relacionamento com seu chefe, Ernesto. Também aspirante a atriz, ela é vista pelo carismático diretor Mateo Blanco, por quem rapidamente se apaixona.
Quando Mateo fica cego após um acidente de carro, ele adota o pseudônimo Harry Caine e se reinventa completamente para fugir das recordações dolorosas do passado.
Almodóvar comparou a experiência de seu personagem com a de seu país natal, dizendo que a Espanha enterrou seu passado após o fim do fascismo, nos anos 1970.
Penélope Cruz comentou que representar Lena e também o personagem de Lena no filme dentro do filme pôs à prova suas habilidades de atriz.
"O filme dentro do filme não foi mais fácil. Eu diria que, pelo contrário, foi ainda mais difícil", comentou a atriz de 35 anos, que vem combatendo uma gripe em Cannes.
"Representar a cena várias vezes, uma vez bem e sendo boa atriz e então fazendo-a mal, é extremamente sutil e complexo", acrescentou a estrela, que recebeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante este ano por "Vicky Cristina Barcelona", de Woody Allen.
Diante do pedido de que comparasse Almodóvar a Allen, ela respondeu: "Eles não poderiam ser mais diferentes. Com Pedro, sempre ensaiamos antes por muito tempo. Woody não gosta de ensaiar. Ele realmente gosta que todo o mundo improvise. É uma maneira muito, muito diferente de abordar as coisas."
Outro destaque em Cannes na terça-feira é o filme italiano "Vincere", de Marco Bellochio, que integra a competição principal. Baseado na história verídica de uma amante que Benito Mussolini abandonou, o filme traz uma visão diferente do líder fascista italiano.