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19/05/2009 - 13h54

Almodóvar decepciona com seu novo filme, "Los Abrazos Rotos"

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
Esperava-se uma sessão de imprensa concorrida hoje de manhã para o novo filme do espanhol Pedro Almodóvar, "Los Abrazos Rotos" (Os abraços partidos). Porém, muitos jornalistas e críticos europeus já haviam visto o filme na Espanha, onde já estreou, ou nas sessões de imprensa em Paris - o filme estreia amanhã na França.
  • Reuters

    Pedro Almodóvar e Penélope Cruz durante a entrevista coletiva sobre "Los Abrazos Rotos"

Seu novo trabalho é decepcionante, para dizer o mínimo. Almodóvar constrói um filme sobre as relações entre o amor e o cinema, e a necessidade do ser humano de voltar ao passado para superar velhas feridas. As propostas são claras: o filme é um drama, enquanto o filme dentro do filme é uma comédia; o triângulo principal é consumido por um amor louco, e nenhum deles consegue escapar de um destino trágico.

Apesar das cores fortes dos seus últimos filmes, belos planos e alguns momentos memoráveis, resta um filme frouxo, com uma história pouco envolvente. A comédia do filme, por exemplo, não tem o humor de seus primeiros filmes - mal dá para rir. Com um cineasta como um dos protagonistas e um filme dentro do filme, o clima lembra bastante "A Má Educação", mas com um roteiro menos elaborado. É cedo para dizer, mas talvez seja o filme mais mal-sucedido de toda a sua carreira.

Um ex-cineasta, Mateo Blanco (Luís Homar, um dos padres de "Má Educação"), hoje cego, relembra fatos acontecidos há 14 anos, quando se apaixonou por Lena (Penélope Cruz), atriz do filme que estava rodando - uma comédia, que segundo Almodóvar inspira-se em seu próprio filme, "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos". Ela é casada com um rico empresário que investe dinheiro no filme e controla cada passo seu. O triângulo termina de forma trágica. Quatorze anos depois, Blanco, que passou a viver sob o pseudônimo de Harry Caine, resgata os negativos de seu filme para remontá-lo e curar as feridas do passado.

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"Neste filme, todos os atores me deram permissão para explorar seu lado mais doloroso", disse Almodóvar na coletiva de imprensa. Ele brincou sobre o fato de haver ganhado muitos prêmios em Cannes, mas nunca a Palma de Ouro. "Vou embora na sexta para não parecer que estou esperando algum prêmio. Mas volto no domingo, nem que seja para receber um prêmio de melhor ator para meu filme".

O cineasta comentou a preferência pelas mulheres em seus filmes. "Os personagens masculinos sempre me intimidaram. Mas acho que isso está mudando nos últimos filmes." Ele comparou o resgate dos traumas de Mateo, o cineasta do filme, à história da Espanha. "No final dos anos 70, os espanhóis decidiram esquecer o seu passado franquista para construir um novo futuro. Isso era necessário. Hoje, 30 anos depois, é preciso voltar a lembrar. Para um povo, é impossível renunciar à memória".

O cineasta confirmou que "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos", seu filme de 1988, virará série de TV escrita pelos roteiristas de "Grey's Anatomy", e ainda um musical da Broadway.

Penélope Cruz comparou os métodos de trabalho de Almodóvar e Woody Allen, com quem ganhou o Oscar de atriz coadjuvante este ano por "Vicky Cristina Barcelona". "Com Woody foram apenas três semanas de filmagem. Com Pedro, são sempre muitos meses de preparação, estudo e trabalho. E até me diverti em servir de mensageira entre os dois quando queriam trocar idéias".

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