O festival não para de surpreender. Enquanto o aguardado Pedro Almodóvar decepcionou boa parte da crítica com "Los Abrazos Rotos", dois diretores da velha guarda surpreenderam com obras frescas e originais - filmes jovens, em suma.Depois do inglês Ken Loach com o iluminado "Looking for Eric", ontem foi a vez do francês Alain Resnais, um dos grandes nomes da Nouvelle Vague, conhecido por clássicos dos anos 50 e 60 como "Hiroshima Mon Amour" e "O Ano Passado em Marienbad". Depois de alguns filmes muito frios e intelectuais, como "Medos Provados em Lugares Públicos", ele volta com o solar "Les Herbes Folles", uma comédia romântica amalucada em que Resnais brinca com todos os recursos do cinema, como fazia em seu auge.

Baseado no romance "L'Incident", de Christian Gailly, o filme conta a história Marguerite (Sabine Azéma), que um dia tem a bolsa roubada ao sair de uma loja - um pequeno incidente que muda a vida, como nos filmes "Smoking" e "No Smoking". Sua carteira é encontrada por Georges (o ótimo André Dussolier), um senhor de humor estranho e tendências violentas, casado com uma mulher muito mais jovem. Eles vão se apaixonar, mas nada é como visto nas comédias americanas - incluindo o final, nada feliz e completamente inesperado, à moda de "Pierrot le Fou" de Godard.

Resnais brinca o tempo todo com a narração, a música inusitada, as cores às vezes berrantes que dão um efeito de sonho a Paris, diálogos brilhantes e uma surpresa a cada minuto. Os personagens não admitem rótulos, as situações nunca vão pra onde esperamos.

Com 40 anos de cinema, Resnais ainda reinventa o cinema, mas está cada vez mais apaixonado por seus personagens. Um prêmio para "Les Herbes Folles" - de roteiro, ou melhor ator para André Dussolier - seria mais do que justo.

 LUMIA

Com os melhores preços a partir de 12x R$ 24,92

REFRIGERADOR

Cabe no seu bolso a partir de 10x R$ 84,99

Notebook | Tv LCD