Por Mike Collett-White
CANNES (Reuters) - Os candidatos a gerentes de banco que se cuidem: recusar empréstimos a senhorinhas idosas pode resultar numa maldição fatal que os assombrará por toda a eternidade.
Ou, pelo menos, é essa a premissa de "Drag Me to Hell", filme de terror do diretor norte-americano Sam Raimi, que fez os tremendamente bem-sucedidos filmes "Homem Aranha" e, antes deles, "Uma Noite Alucinante - A Morte do Demônio".
Exibido fora da competição no 62º Festival de Cannes, o filme tempera com toques de humor uma história clássica sobre maldição e, na sessão em que foi exibido para a imprensa, fez a plateia rir e se assustar.
Raimi disse que misturar comédia e medo é como jogar damas, e o resultado agradou em cheio à crítica especializada.
Para ele, fazer "Drag Me to Hell" foi uma mudança bem-vinda depois da série de blockbusters "Homem Aranha", à qual deve retornar em breve.
Os três primeiros filmes dessa franquia renderam cerca de 2,5 bilhões de dólares nas bilheterias globais, segundo o site
Bos Office Mojo"Foi ótimo trabalhar com 'Drag Me to Hell', porque o elenco é muito pequeno", disse o cineasta a jornalistas em Cannes na quinta-feira.
"Foi um ambiente muito íntimo, e isso é a única coisa que não curto realmente nos filmes da série 'Homem Aranha'. Esses são mais como reger uma orquestra sinfônica, enquanto este filme foi como tocar com um quarteto de jazz, eu mesmo tocando os instrumentos."
Também foi um alívio para Raimi trabalhar sobre um personagem novo, em lugar de um herói de quadrinhos que é conhecido em todo o mundo.
"Adorei trabalhar sem as restrições de um personagem que pertence a muitas pessoas e que muitas pessoas veneram", explicou.
"Drag Me to Hell", que Raimi e seu irmão Ivan conceberam há dez anos, começa com Christine (Alison Lohman) estudando se dará um empréstimo a uma senhora idosa e de aparência bizarra chamada Sra. Ganush (Lorna Rayer).
De olho numa promoção para gerente do banco no qual trabalha, Christine nega o empréstimo, e Ganush é despejada de sua casa.
Antes de morrer, a idosa lança uma maldição eterna sobre Christine, que a moça tenta desesperadamente reverter.
Há cenas envolvendo coisas que se arrastam para dentro das bocas de personagens ou voam delas, e equipamentos de escritório são usados de maneira inusitada numa sequência de luta maluca.
"Nossa história não foi baseada na crise atual dos bancos", disse Raimi.
"Simplesmente quisemos contar a história de uma pessoa que quer ser boa, mas que, por cobiça, faz uma opção que a beneficia em detrimento de outra pessoa."