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23/05/2009 - 13h01

Taiwanês filma bela homenagem a Truffaut no Museu do Louvre

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
  • Divulgação

    Cartaz do filme "Visage", de Tsai Ming-liang

Tsai Ming-Liang, cineasta nascido na Malásia e radicado em Taiwan, diretor de filmes premiados como "O Rio" e "O Sabor da Melancia", apresentou hoje em Cannes o último filme da competição. "Visage" foi rodado sob convite da direção do Museu do Louvre e é, antes de tudo, uma bela homenagem a François Truffaut, mestre da Nouvelle Vague morto em 1983.

É o primeiro filme do diretor feito com atores franceses, entre eles dois grandes companheiros de Truffaut, Jean-Pierre Léaud e Fanny Ardant, além da atriz e modelo Laetitia Casta.

Como em seus filmes anteriores, Ming-liang faz um filme de planos belíssimos, pouco preocupado com uma história a contar, e desta vez promove uma interessante fusão entre seu universo asiático - com seus atores-fetiche Lee Kang Sheng e Lu Yi-Ching, que sempre interpreta a mãe do protagonista - e esse novo universo francês, cheio de reminiscências cinéfilas.

O longa conta a história de um diretor taiwanês (Kang Sheng) que vai rodar um filme sobre o mito de Salomé no Museu do Louvre. Sem falar inglês ou francês, ele confia o papel do rei Herodes a Jean-Pierre Léaud (que interpreta a si mesmo no filme), e vive sob a guarda de uma nervosa produtora (Ardant).

Mas a morte da mãe faz o diretor dentro do filme entrar em crise, e a partir daí "Visage" entra numa espiral de delírio que deve encantar os espectadores mais abertos. Em vez de filmar os corredores cheios de quadros do Louvre, Ming-Liang surpreende ao mostrar mais as galerias subterrâneas do maior museu do mundo.

Na coletiva de imprensa, Léaud, o ator fundamental da Nouvelle Vague, que trabalhou com Truffaut em oito de seus filmes, fez quase um monólogo para os jornalistas, cheio de caras e expressões. "Antes de ser ator, sou um grande cinéfilo. Amo tanto o cinema que me meto lá onde está a câmera, vivo perseguindo os grandes diretores. Liang me lembrou muito Godard: ele pode ficar horas rondando o espaço como um leão para construir a cena, e levar mais dois dias para escrever e repensar o que criou. Esse era o espírito da Nouvelle Vague".

Fanny Ardant, conhecida por filmes como "A Mulher do Lado" e "Oito Mulheres", falou com carinho do diretor: "Quando fui apresentada a ele, tive a impressão de já conhecê-lo. Jantei com ele em vários restaurantes chineses de Paris, e me deixei encantar. Até hoje não sei se compreendo o que vivi com ele, mas foi fascinante".

"Meu objetivo foi compor um grande 'tableau' (quadro) inspirado em algumas obras do Louvre que me marcaram", disse Ming-Liang. Henri Loyrette, diretor do Louvre, explicou por que convidou o cineasta asiático: "Acreditamos que o olhar dos artistas antigos deve ser sempre revisitado pelos novos artistas".

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