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23/05/2009 - 13h16

"Não tinha consciência dos meus personagens quando jovem", diz Debora Bloch em Cannes

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
  • AFP

    A atriz Debora Bloch posa para fotos em Cannes

Debora Bloch está feliz da vida. Apesar de ter já sido casada com um francês, o chef Olivier Anquier, esta é a primeira vez que vem a Cannes, na Riviera Francesa, para apresentar o filme "À Deriva", de Heitor Dhalia, no qual atua. Debora ficou visivelmente emocionada ao ver o filme pela primeira vez na tela grande - antes, já havia visto duas vezes em DVD, na sede da produtora.

Ela diz que está adorando o clima do festival, onde todos falam de cinema o tempo todo. Adorou o novo filme de Pedro Almodóvar, "Abraços Partidos", e queria muito ver "Bastardos Inglórios", de Quentin Tarantino - mas com a sessão de gala do filme muito concorrida, não conseguiu convite.

Em "À Deriva", ela é Clarice, uma mulher que guarda um grande segredo e em crise no casamento com o escritor Matias (Vincent Cassel). Em uma fase infeliz da vida, ela bebe muito em festas e eventos sociais, destilando um sarcasmo que serve como contraponto ao seu comportamento sóbrio, carinhoso com os filhos.

É o seu melhor papel desde sua pequena participação em "A Ostra e o Vento", de Walter Lima Jr (1997). "A Clarice foi uma personagem que eu quis construir por dentro. É uma mulher que diz muita coisa justamente quando não está falando. Tem esse segredo dentro de si, uma angústia abafada que a vai corroendo".

TRAILER DE "À DERIVA"

Debora conta que não teve dificuldade em atuar com o francês Vincent Cassel - "a gente tinha uma compreensão parecida da história e dos personagens" - e não poupa elogios ao diretor, Heitor Dhalia. "Heitor é muito seguro do que quer, e justamente por isso aceita muito o que o ator propõe. Tem um olhar preciso sobre a história. Não é coincidência estar em Cannes numa mostra chamada Um Certain Regard (Um Certo Olhar)", analisa.

Hoje com 45 anos, ela mostra em "À Deriva" uma segurança que nunca imaginava alcançar nos tempos de "Noites do Sertão" e "Bete Balanço" (1984), seu maior sucesso. "Quando a gente é jovem, não tem muita consciência de nada, nem dos personagens. Mas eles também eram muito mais inconsequentes. Fico feliz que meus papéis tenham amadurecido junto comigo", diz a atriz, que aguarda uma virada na vida de Sílvia, seu personagem na novela "Caminho das Índias". "Ela já está mais madura que no início da novela. Está namorando o Murilo (Caco Ciocler) e em breve vai voltar a trabalhar, dando aula. Mas muita mudança ainda vai vir na vida dela".

Debora também faz críticas ao projeto de mudança da Lei do Audiovisual, que prevê uma comissão do governo para aprovar os projetos que receberão incentivos. "Tenho um pouco de medo dessa comissão. Quem vai dizer o que é um bom conteúdo artístico em uma obra? Não sei se gosto da ideia de o governo decidir sobre a cultura", criticou.

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