CANNES - O Prêmio do Juri do 62º Festival de Cannes foi entregue neste domingo à britânica Andrea Arnold, por "Fish Tank", e ao coreano Park Chan-wook, por "Thirst", anunciou a presidente dos jurados oficiais, Isabelle Huppert. O prêmio de melhor roteiro coube a Feng Mei, por "Spring Fever", do chinês Lou Ye.
A diretora inglesa Andrea Arnold propõe em "Fish Tank" um áspero retrato de uma adolescente no universo dos subúrbios da Inglaterra. A protagonista é uma jovem de 15 anos, mal encarada, até violenta, que tem uma má relação com a mãe, com a irmã menor, com as amigas e com o mundo em geral. O verdadeiro conflito começa quando um homem atraente passa a viver com a mãe da jovem, convulsionando ainda mais a vida familiar.
"Thirst" é o segundo Grande Prêmio do Juri conquistado por Park Chan-wook em Cannes, cinco anos após "Old boy". Primeiro filme coreano financiado por uma grande estúdio de Hollywood, Universal, esta história cruel e barroca não decepcionará os fãs do cineasta com seu virtuosismo formal, seu humor ácido e seu universo obscuro.
Park Chan-wook mostra um sacerdote coreano que viaja à África para testar uma vacina contra um misterioso vírus mortal. O sacerdote fica doente e uma transfusão de sangue o transforma em vampiro, para se apaixonar pela mulher de um ex-colega de colégio a também transformá-la em vampira.
O Juri premiou ainda Feng Mei por "Spring Fever", filme de Lou Ye que narra uma trágica história de amor entre dois homens, filmada apesar da proibição das autoridades chinesas.
De fato, o diretor chinês foi proibido de rodar durante cinco anos em seu país, após apresentar no Festival de Cannes, em 2006, sua obra "Palácio de Verão".
"Spring Fever", filmada na cidade de Nankin com atores formidáveis e um tom "underground" anos 70, permite visitar uma China pouco vista - ao menos por olhos ocidentais -, urbana, jovem, moderna, onde há clubes gays, transformistas e discotecas punks.