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13/02/2010 - 13h44

Com Scorsese, DiCaprio e Michelle Williams, "Ilha do Medo" movimenta a Berlinale

ALESSANDRO GIANNINI
Enviado especial a Berlim
  • Getty Images

    Ben Kingsley, Michelle Williams, Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio se reúnem para divulgação de ''Ilha do Medo'', filme exibido em Berlim

Mesmo fora de competição, "Ilha do Medo" roubou a cena no primeiro fim de semana do 60o. Festival de Berlim e colocou na sombra um dos possíveis concorrentes ao Urso de Ouro, o filme romeno "If I Want To Whistle, I Whistle", de Florin Serban. A exibição do novo Martin Scorsese em parceria com Leonardo DiCaprio, suspense inspirado no livro "Paciente 67", de Dennis Lehane, atraiu todas as atenções e, novamente em menos de dois dias, fez o auditório do Gran Hyatt, quartel-general do festival, entupir com a presença de jornalistas. Além da dupla Scorsese e DiCaprio vieram a Berlim também Michelle Williams, Mark Ruffalo e Sir Ben Kingsley.

Embora assinado por Scorsese, o filme nasceu de um projeto do produtor Bradley Fischer, que tinha os direitos do romance de Lehane. Com um roteiro adaptado por Laeta Kalogridis, Fischer e seu parceiro Mike Medavoy procuraram Scorsese, que aceitou a direção por conta justamente do impacto que o trabalho da roteirista lhe causou. "Fiquei impressionado com a forma como ela escreveu", disse Scorsese, na entrevista coletiva deste sábado (13). "As cenas iniciais e o fim, com o diálogo entre os três atores, me deixaram muito impressionado."

Ambientada no início dos anos 50, no auge da Guerra Fria, a história acompanha o investigador Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) e seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo) em uma missão na Ilha do Medo, onde fica o Hospital Ashecliffe, um manicômio judiciário impenetrável. Eles devem investigar o desaparecimento de uma paciente, responsável pela morte dos três filhos por afogamento. Kingsley faz o papel de um dos principais médicos da instituição. E Michelle Williams é a esposa do personagem de DiCaprio. É uma trama em que nem tudo é o que parece.

"Em 1952, eu tinha 10 anos de idade e vivi aquela época, a Guerra Fria, o clima de medo e insegurança", disse Scorsese. "E isso tudo obviamente reverberava nos filmes. Por tudo isso, achei importante mostrar aos atores como referência títulos como 'Laura', 'Fuga do Passado', 'Bigger Than Life', 'Crossfire' e 'There Will Be Light'. Ás vezes, por conta de uma cena; às vezes, por causa do filme inteiro, de como é narrado."

DiCaprio, Mark Ruffalo e Michele Williams disseram ter lido o livro para fazer o filme. "Li o roteiro antes e o livro depois", disse DiCaprio. "Mas acho que a roteirista condensou muito bem a história, já que o livro é cheio de reviravoltas e tramas paralelas." Só Ben Kingsley admitiu que preferiu ficar apenas com o roteiro para se manter focado em seu personagem. "É algo que me deixa menos disperso com relação à composição", disse ele.

  • Reuters

    Os atores Ada Condeescu e George Pistereanu divulgam o filme ''If I Want to Whistle, I Whistle"

Questionado sobre o segredo da relação que mantém com Martin Scorsese há dez anos, DiCaprio disse que cresceu onde o diretor trabalhou a vida inteira. "Além disso, ele tem uma apreciação muito especial pelo cinema e um conhecimento da história desse meio que me ensinaram muito profissionalmente", disse. "Nenhum ator que se preze desperdiçaria qualquer oportunidade de trabalhar com um cineasta como Scorsese."

Romênia em destaque

O filme romêno "If I Want To Whistle, I Whistle", do estreante Florin Serban, agradou muito os jornalistas na sessão para a imprensa deste sábado (13). Todo filmado em uma única locação e sem grandes apuros técnicos, o filme mostra a agonia de um jovem delinquente que, a apenas 15 dias de ser solto, recebe a notícia de que seu irmão mais novo, que ajudou a criar, será levado para a Itália pela mãe.

A tragédia de Silviu, papel do também estreante George Pistereanu, começa quando ele resolve evitar que a mãe o afaste do irmão querido. E usa uma jovem assistente social, interpretada por Ada Condeescu, para chamar a atenção. Com exceção do casal de atores, da mãe e do diretor da casa de reabilitação, todos os jovens presos com George estavam presos ou haviam passado pela instituição.

"Eu procurei atores em escolas de atuação, em colégios e tudo mais", disse Serban, que estudou cinema nos Estados Unidos. "Mas quando eu comecei a fazer oficinas nessas instituições achei que seria importante para o filme ter os meninos comigo." O diretor disse que trabalhou muito na preparação de George e de seus companheiros, mas jamais mostrou o roteiro pronto para nenhum dos atores e incorporou muitas das soluções que eles trouxeram.

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