O ator chinês Sun Honglei e o diretor Zhang Yimou divulgam o filme "A Woman, A Gun and Noodle Shop", exibido no Festival de Berlim
Gemma Casadevall Berlim, 14 fev (EFE).- O mestre Zhang Yimou arriscou imitar os irmãos Coen tentando usar o sangue 'nu e cru' nas paisagens da China imperial e agradou o dia de competição do Festival Internacional de Cinema de Berlim.
"A Woman, a Gun and a Noodle Shop" era anunciado como remake da obra-prima dos diretores Ethan e Joel Coen, de 1984. No entanto, para ninguém aquilo pareceu uma paródia dos irmãos Coen ou um Quentin Tarantino dos chineses, mas sim um filme sangrento infinitamente mais moderado.
Com esta aposta, Zhang Yimou retornou a Berlim. O diretor venceu o Urso de Ouro em 1988 com "O Sorgo Vermelho", cinco anos após concorrer nesse mesmo festival com um impecavelmente belo e épico "Herói".
A base do filme é a mesma dos Coen: câmera impressionante, onde cada enquadre é uma obra de arte em si. No entanto, o tom é muito diferente, impregnado por essa ironia no trato sanguinário dos Coen.
A história é sobre um idoso dono da loja que contrata um matador de aluguel para liquidar a bela jovem esposa que se mostra infiel.
"O cinema chinês se libertou do ostracismo. É excelente, há mais liberdade de ação que 20 anos atrás. Por isso, me atrevi a fazer algo rápido, um thriller", explicou Zhang, aparentemente também 'libertado' das limitações de sua geração de cineastas chineses.
Zhang não buscou exatamente o remake, tampouco a homenagem. O que ele quis foi a recriação a partir de um material teoricamente rápido, deslocado a essas paisagens e personagens de tempos imperiais, disse.
Para aqueles que esperavam a profundidade do mestre chinês ou a magia épica de "Herói", o filme decepcionou. Mas os que se deixaram levar por seu sentido de ironia e sangue aproveitaram bem o domingo de abertura da competição em Berlim.
Em outra obra apresentada na competição, o ator americano Ben Stiller também tentou com honra e dificuldade um remake no filme "Greenberg", de Noah Baumbach. A inspiração foi Woody Allen.
No entanto, "Greenberg" desagradou vários espectadores pelo tom de comédia rápida, com um personagem que não vale o rótulo de remake, mas de aprendiz de neurótico de Woody Allen.
Stiller, no papel de Roger Greenberg, é um solteiro amargurado, imerso durante seis semanas no entorno de mauricinhos e patricinhas da Califórnia, em um estilo de vida no qual se pode tudo, menos usar o cérebro.
Ao redor da piscina e da luxuosa mansão onde mora o irmão, Greenberg conhece a por bela Florence (Greta Gerwig) que, assim como ele, se sente angustiada. Com ela, o protagonista encontra momentos de sexo e amor.
"São duas pessoas com vidas parecidas, mas que, normalmente não teriam nada em comum", resumiu Stiller, sobre a história de amor previsível do início ao fim.
Stiller compareceu ao Festival de Berlim com a humildade de quem até agora não tinha concorrido como aspirante ao prêmio desse festival. Cumpriu com seu papel, fez graça e respondeu à pergunta irônica sobre como se tinha preparado para o papel: "Foi toda uma transformação física, até tive que emagrecer alguns quilos", disse.
"Na vida real não sou tão bom contando piadas como na tela", concluiu. Mas mesmo a tela não agradou muito. A reação da plateia a Greenberg no Festival de Berlim foi fraca e até de impaciência.